Nos aparelhos antigos, com capacitores de papel impregnado em óleo, fugas no componente eram um defeito comum. Quais podem ser as consequências, no funcionamento de circuitos, no caso de capacitores de acoplamento, que apresentem fugas?
Em estágios de saída, por exemplo, fuga no capacitor de acoplamento provocava distorção, baixo nível de áudio e defeitos “misteriosos”, como queimas sucessivas de válvulas ou transformadores de saída etc, especialmente quando a verdadeira causa do defeito não era diagnosticada corretamente.
Válvulas com superaquecimento, etapa inoperante ou até o bloqueio total da recepção, são alguns dos problemas surgidos por fugas em capacitores que apresentam falhas quando submetidos às tensões normais de trabalho.
Em circuitos semelhantes aos da Figura 2, mostrada anteriormente, se o capacitor de acoplamento C17 (circulado em vermelho, em “A”), for de boa qualidade e com a isolação adequada, a saída poderá funcionar bem. Frequentemente as grades de controle trabalham pouco acima de zero, zero ou ligeiramente negativa. Em alguns receptores bem antigos da Philips e da Telefunken, a propósito, era usada uma pilha para polarizar negativamente a grade.
Mas bastará o capacitor de entrada de grade apresentar fuga, deixando passar alguns volts, entrará corrente do +B, direta, na grade de controle da válvula, alterando completamente a polarização e, possivelmente, a região de operação recomendada para a válvula. No caso de fuga no capacitor, a corrente que circulará por R9 ficará modificada: a grade ficará fortemente positiva em relação ao catodo, com distorção ou bloqueio do sinal, baixo rendimento no estágio, alteração da corrente anódica, superaquecimento, risco de arcos e danos na válvula etc.
Apenas para efeito de comparação: se o capacitor tiver uma resistência interna equivalente, imaginemos, a 10.000MΩ e supondo que a resistência de grade (Rg) da válvula seja de 500kΩ e a tensão de placa seja de 240 volts, poderemos ter na grade uma tensão de contrapolarização de apenas 0,012V, por exemplo. Não haverá problema.
Já se o capacitor de acoplamento apresentar uma resistência de fuga de apenas 10 MΩ (um valor ainda alto, mas dificilmente apontado com precisão nos multímetros comuns a pilhas), poderá surgir uma tensão na grade de 12V! Com tal bias ou polarização positiva de grade, em relação ao catodo, a reprodução ficará distorcida, “rouca” ou “fanhosa”, aumentará o consumo de corrente de placa, a válvula superaquece, o transformador de saída queima, o resistor de catodo abre ou o receptor fica “mudo” ─ entre outros sintomas “misteriosos”.
Condensador e a forma ” aportuguesada ” mas me lembros de textos em ingles onde se citava ” condender ” em vez de capacitor, que e a forma corrente.
Grato, colega Carlos Henrique. Antigamente eram utilizados os termos “condensador”, “resistência”, “indutância” para designar os componentes. A veterana revista Antenna muito auxiliou a revisar e a padronizar a terminologia técnica de eletrônica no Brasil. Assim, condensador virou capacitor, resistência ficou resistor, “bias” virou polarização e assim por diante. O termo “resistência” foi reservado para a propriedade de um material que tende a impedir a passagem de corrente, por exemplo. Já o termo “indutância” foi reservado para a medida da indução eletromagnética, enquanto o componente virou “indutor” etc. Nos últimos tempos, pós-reforma ortográfica, passaram a ocorrer algumas confusões na nomenclatura técnica. Alguns termos técnicos, já consagrados, começaram a ser utilizados novamente como eram nos tempos arcaicos. Catodo, paroxítona, virou novamente cátodo, proparoxítona. Anodo virou “ânodo”, super-heterodino (paroxítona) passou a ser grafada super-heteródino, proparoxítona, como nos clássicos dos primeiros tempos de eletrônica. Penso que é hora de uma nova revisão da terminologia técnica de eletrônica.