Dicas e Diagramas – XVIII

Na função de capacitor de acoplamento nos circuitos valvulados, é indispensável que o componente seja de elevada qualidade: deve apresentar alta resistência de isolação, baixas perdas e baixa fuga de corrente.

O dielétrico é o material onde é armazenada a carga no capacitor. O dielétrico não é um material isolante perfeito. Correntes podem fluir quando o capacitor está carregado. As “fugas” no dielétrico evidenciam perda de parte da carga armazenada no capacitor. Fugas em capacitores de acoplamento, além de provocarem o mau funcionamento dos circuitos, podem ser danosas aos componentes de um aparelho antigo, bem como às válvulas.

Uma boa analogia para explicar os efeitos das fugas de correntes e o funcionamento dos capacitores de acoplamento é a dos dois reservatórios de água. Foi publicada em um artigo técnico intitulado “Introduction to Capacitor Technologies”, da Kemet, fabricante de capacitores e outros produtos eletrônicos, fundada em 1919 em Cleveland, USA. O texto foi disponibilizado em PDF na internet pela Mouser Electronics: https://www.mouser.com/pdfDocs/eb1001_what_is_a_capacitor.pdf .

Considere que o capacitor seja como dois reservatórios de água, um maior e outro menor. Entre os dois tanques há um cano com uma membrana de borracha fechando o cano. A membrana atua como um capacitor, separando o reservatório com um nível de água maior (tensão mais elevada) e o reservatório com nível de água menor (baixa tensão).

Se houver pistões estanques apoiados na água em ambos os reservatórios, e se um dos pistões for movido para baixo e para cima, isso fará com que o outro pistão se mova para cima e para baixo. Assim o movimento alternado (tensão) será transferido através da membrana (capacitor), embora nenhuma água (corrente direta ou CC) flua de um tanque para o outro.

A corrente de fuga seria como se houvesse um furo nessa membrana, fazendo com que a água flua ou “vaze” do tanque de nível maior de água para o tanque inferior. A “rigidez” do dielétrico ou a resistência de isolação equivale à resistência mecânica da membrana na tubulação de água Se se aumentar a pressão da água, a membrana com o furo pode se romper.

A corrente de fuga em bons capacitores é mantida dentro de parâmetros definidos por normas técnicas: UL, DIN, IEC etc. Nos capacitores eletrolíticos as correntes de fuga toleradas são maiores. Nos capacitores de dielétricos com resistência de isolação elevada (cerâmica, filme de poliéster, polipropileno, PTFE etc.) as fugas são menores.

2 comentários sobre “Dicas e Diagramas – XVIII”

  1. Carlos Henrique17 de dezembro de 2023 às 11:35 AMResponder

    Condensador e a forma ” aportuguesada ” mas me lembros de textos em ingles onde se citava ” condender ” em vez de capacitor, que e a forma corrente.

    1. Dante Vanderlei Efrom17 de dezembro de 2023 às 2:32 PMResponder

      Grato, colega Carlos Henrique. Antigamente eram utilizados os termos “condensador”, “resistência”, “indutância” para designar os componentes. A veterana revista Antenna muito auxiliou a revisar e a padronizar a terminologia técnica de eletrônica no Brasil. Assim, condensador virou capacitor, resistência ficou resistor, “bias” virou polarização e assim por diante. O termo “resistência” foi reservado para a propriedade de um material que tende a impedir a passagem de corrente, por exemplo. Já o termo “indutância” foi reservado para a medida da indução eletromagnética, enquanto o componente virou “indutor” etc. Nos últimos tempos, pós-reforma ortográfica, passaram a ocorrer algumas confusões na nomenclatura técnica. Alguns termos técnicos, já consagrados, começaram a ser utilizados novamente como eram nos tempos arcaicos. Catodo, paroxítona, virou novamente cátodo, proparoxítona. Anodo virou “ânodo”, super-heterodino (paroxítona) passou a ser grafada super-heteródino, proparoxítona, como nos clássicos dos primeiros tempos de eletrônica. Penso que é hora de uma nova revisão da terminologia técnica de eletrônica.

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