Dicas e Diagramas – XVIII

Em aparelhos valvulados de antigamente, os capacitores eram uma das principais causas do aparecimento de defeitos nos circuitos. Os capacitores antigos passavam a apresentar baixa resistência ôhmica (“curto”), intermitências, ficavam “abertos” e perdiam capacitância ─ ou apresentavam fuga de corrente quando em operação nas tensões nominais de trabalho, por falhas no dielétrico (perda da resistência de isolação).

Figura 1. Capacitores polarizados e não polarizados, de papel, mica, poliestireno ou eletrolíticos, fabricados antigamente na Inglaterra, USA, Alemanha, Suécia e Brasil.

Capacitores são fabricados com materiais imperfeitos. Como em outros componentes, seus parâmetros e desempenho são limitados às eventuais imperfeições elétricas dos materiais usados na produção do componente. Uma pequena corrente pode fluir ou “fugir” através do material dielétrico.

O importante é que as correntes de fuga se mantenham as mais baixas possíveis, dentro das especificações de cada tipo. Em capacitores atuais com dielétrico de PTFE, por exemplo, sigla do polímero politetrafluoretileno (teflon, marca registrada da DuPont), com altíssimas resistências de isolação (de até 1.000.000 de megohms), as perdas nos capacitores são baixíssimas, da ordem de 10-8, equivalente a 0,00000001A, ou seja, de 10 nanoampères.

Por suas baixíssimas perdas, capacitores PTFE são adotados em aplicações aeroespaciais ou equipamentos médico-hospitalares, por exemplo. No tempo das válvulas, capacitores com resistências de isolação de 100 MΩ já eram considerados uma façanha da técnica. Muitos ficavam abaixo disso: encontrar capacitores com isolamentos de apenas 100 kΩ ou menos, sem tensão aplicada, era decepcionantemente comum em algumas marcas.

2 comentários sobre “Dicas e Diagramas – XVIII”

  1. Carlos Henrique17 de dezembro de 2023 às 11:35 AMResponder

    Condensador e a forma ” aportuguesada ” mas me lembros de textos em ingles onde se citava ” condender ” em vez de capacitor, que e a forma corrente.

    1. Dante Vanderlei Efrom17 de dezembro de 2023 às 2:32 PMResponder

      Grato, colega Carlos Henrique. Antigamente eram utilizados os termos “condensador”, “resistência”, “indutância” para designar os componentes. A veterana revista Antenna muito auxiliou a revisar e a padronizar a terminologia técnica de eletrônica no Brasil. Assim, condensador virou capacitor, resistência ficou resistor, “bias” virou polarização e assim por diante. O termo “resistência” foi reservado para a propriedade de um material que tende a impedir a passagem de corrente, por exemplo. Já o termo “indutância” foi reservado para a medida da indução eletromagnética, enquanto o componente virou “indutor” etc. Nos últimos tempos, pós-reforma ortográfica, passaram a ocorrer algumas confusões na nomenclatura técnica. Alguns termos técnicos, já consagrados, começaram a ser utilizados novamente como eram nos tempos arcaicos. Catodo, paroxítona, virou novamente cátodo, proparoxítona. Anodo virou “ânodo”, super-heterodino (paroxítona) passou a ser grafada super-heteródino, proparoxítona, como nos clássicos dos primeiros tempos de eletrônica. Penso que é hora de uma nova revisão da terminologia técnica de eletrônica.

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