Dicas e Diagramas – XVIII

RPE X ESR. Em termos práticos, a corrente de fuga em um capacitor pode ser considerada como uma resistência em paralelo equivalente, ou RPE. É diferente da resistência em série equivalente, analisada com os chamados “medidores de ESR”.

Para capacitores de acoplamento operando nas tensões dos circuitos valvulados, recomenda-se que a resistência de isolação (Ris) seja alta, ≥ 10.000MΩ. Bons capacitores de reposição, fabricados com dielétrico de poliéster, conseguem apresentar, em valores de 0,33µF, por exemplo, resistência de isolação típica de 75.000MΩ.

Os campeões entre os antigos, em termos de qualidade da resistência de isolação e baixas perdas, eram os capacitores de poliestireno, conhecidos também como “Styroflex”, como os da Siemens: até 500.000MΩ, para os de 1% de tolerância, e valores típicos de Rsi de 200.000MΩ para os modelos comuns.

Por sua característica de baixas perdas (a resistência de isolação frequentemente não era mensurável com o instrumental à disposição dos técnicos de antigamente), os capacitores de poliestireno eram adotados em aplicações especiais como contadores Geiger, medidores de energia radiante etc.

Medidor de ESR serve para avaliar fugas em capacitores? Não, as correntes de fuga em capacitores não conseguem ser avaliadas adequadamente com “medidores ESR”, capacímetros comuns ou multímetros a pilhas. É importante usar um aparelho que consiga medir a resistência de isolação ou fuga de corrente estando o capacitor sob a tensão nominal de funcionamento. Algumas vezes esta tensão é de até 600VCC ou mais, no caso de capacitores empregados em circuitos valvulados.

Em instrumental comum, digital ou analógico, funcionando a pilhas ou baterias, um capacitor suspeito pode apresentar leitura satisfatória na escala de ohms, mas, se não for de boa qualidade, talvez resulte defeituoso se colocado em circuito valvulado operando com tensões elevadas de +B. Capacitores de acoplamento que apresentaram falhas já foram motivo de retorno de linhas inteiras de equipamentos novos às fábricas, por mau funcionamento, inclusive modelos de custo elevado.

Como já relatamos, em 1957 a Philips lançou o radiofonógrafo valvulado NG-1110, para reprodução de “alta-fidelidade”. Pouco tempo depois do início da comercialização, o aparelho teve que ser levado pelos proprietários para revisão nas oficinas da rede de serviços. Defeito: baixa qualidade na reprodução sonora depois do aquecimento, distorção, baixo volume. Diagnóstico: perda de isolação (fugas, às vezes de megohms apenas) em capacitores críticos de acoplamento. Medindo-se os capacitores com ohmímetro de 20.000Ω/V, com o aparelho desligado e com um dos lados do capacitor desconectado, a perda de isolação não era detectada.

2 comentários sobre “Dicas e Diagramas – XVIII”

  1. Carlos Henrique17 de dezembro de 2023 às 11:35 AMResponder

    Condensador e a forma ” aportuguesada ” mas me lembros de textos em ingles onde se citava ” condender ” em vez de capacitor, que e a forma corrente.

    1. Dante Vanderlei Efrom17 de dezembro de 2023 às 2:32 PMResponder

      Grato, colega Carlos Henrique. Antigamente eram utilizados os termos “condensador”, “resistência”, “indutância” para designar os componentes. A veterana revista Antenna muito auxiliou a revisar e a padronizar a terminologia técnica de eletrônica no Brasil. Assim, condensador virou capacitor, resistência ficou resistor, “bias” virou polarização e assim por diante. O termo “resistência” foi reservado para a propriedade de um material que tende a impedir a passagem de corrente, por exemplo. Já o termo “indutância” foi reservado para a medida da indução eletromagnética, enquanto o componente virou “indutor” etc. Nos últimos tempos, pós-reforma ortográfica, passaram a ocorrer algumas confusões na nomenclatura técnica. Alguns termos técnicos, já consagrados, começaram a ser utilizados novamente como eram nos tempos arcaicos. Catodo, paroxítona, virou novamente cátodo, proparoxítona. Anodo virou “ânodo”, super-heterodino (paroxítona) passou a ser grafada super-heteródino, proparoxítona, como nos clássicos dos primeiros tempos de eletrônica. Penso que é hora de uma nova revisão da terminologia técnica de eletrônica.

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