Há dezenas de fontes possíveis de zumbidos ou roncos nos receptores. Neste artigo alinharemos algumas causas de zumbidos em aparelhos valvulados.
O ronco ou zumbido provém geralmente do efeito da corrente alternada de 60Hz usada na alimentação. O dobro da frequência da rede de 60Hz também pode causar zumbido (120Hz) nos circuitos, dependendo do tipo de retificação ─ meia-onda ou onda completa ─ adotado na fonte de alimentação. Lembre-se que a própria rede de 60Hz é rica em harmônicos. O ruído característico do zumbido da frequência de 60Hz da rede elétrica pode ser ouvido aqui: https://en.wikipedia.org/wiki/Mains_hum .
Nos rádios valvulados, se o primeiro capacitor eletrolítico da fonte entrar em curto-circuito poderá queimar a válvula retificadora e danificar o transformador. O receptor ficará mudo por falta de tensão +B nas placas das válvulas. Se houver diminuição na capacitância ou se o capacitor ficar “aberto”, haverá filtragem deficiente, com o consequente ronco ou zumbido no alto-falante.
A mesma coisa acontece se o capacitor de saída da fonte entrar em curto parcial: mesmo com o controle de volume todo fechado aparece ronco no alto-falante. Capacitores eletrolíticos de filtro, válvulas retificadoras, reatores de filtro com defeitos ─ além de transformadores de força montados adjacentes a transformadores de áudio, válvulas etc. ─ são causas comuns de zumbido forte, com ou sem recepção de sinais.
Na Figura 2 está assinalada outra causa de problemas de zumbido: a falta de blindagem na parte inferior do chassi. Principalmente nos rádios valvulados de procedência europeia era comum, para assegurar uma recepção livre de ruídos e interferências, a parte inferior do chassi ser fechada com uma lâmina metálica de blindagem (tracejado mostrado no esquema) ─ colada internamente à tampa e ligada através de um cabinho à massa do circuito. Frequentemente as tampas dos rádios eram extraviadas ou danificadas, o que pode levar à captação de zumbidos da rede de C.A.
Ainda no estágio da fonte de alimentação: em circuitos mais elaborados, como os de alguns radiofonógrafos, pode existir, no secundário para a linha dos filamentos, um trimpot de fio para ajuste do ponto de zumbido zero (v. figuras 2 e 3): se este potenciômetro estiver com defeito (principalmente se houver resistência alta de contato do cursor) ou se tiver sido “mexido”, poderá aparecer ronco ou zumbido no equipamento.
Não se esqueça de examinar as condições dos capacitores na entrada de C.A. do aparelho. Alguns receptores possuíam capacitores, geralmente de 0,01µF a 0,05µF ligados do “vivo” à massa ou chassi. Fugas nesses capacitores, além do risco de choques fatais, frequentemente causam zumbido sintonizável na recepção.
Se o capacitor de saida da fonte entrar em curto, como descrito, nao haveria tensao alguma de saida e, portanto, nenhum zumbido mas talbez uma valvula ou diodo em curto…
Grato, colega Carlos Henrique. Talvez, depende da resistência de carga da fonte (no caso, curto do capacitor), ou seja, depende do tipo de “curto”. O colega pensa em curto total, “zero ohm”, provavelmente. Na prática não é bem assim. Dos capacitores eletrolíticos defeituosos da foto do artigo apenas um apresentou curto de zero ohm. Vários apresentaram resistência de até 1K. Com esse valor o capacitor perde a eficiência na filtragem e passa a funcionar meramente como resistor de drenagem, deixando passar tensões de ronco. É comum haver uma tensão presente na saída, (salvo que haja um fusível) ─ até onde aguentarem o transformador de força ou a retificadora, mesmo com o capacitor de saída da fonte funcionando em “curto-circuito” parcial.