Corrente excessiva no reator ou choque de filtragem causa saturação, com consequente redução da indutância do enrolamento. Quando a indutância diminui, a eficiência do filtro fica prejudicada e o zumbido aumenta. Corrente excessiva no reator pode ser causada pelo capacitor eletrolítico de saída da fonte de alimentação. Às vezes, ele não aparenta estar com fuga, na aferição com multímetro funcionando a pilhas.
Um erro comum cometido por novatos ao reenrolar reatores de filtragem é que as chapas não devem ser “trançadas” e que o componente funciona com um entreferro no núcleo, para prevenir a saturação. Nos bons reatores de antigamente o espaçamento do entreferro era otimizado em cada unidade, para o melhor desempenho e para evitar zumbido. Ao reenrolar choques defeituosos, reproduza exatamente as condições originais do componente, ou seja, a mesma medida do entreferro e de preferência usando os mesmos materiais não-magnéticos originais adotados para o espaçamento: papel, papelão, cobre ou latão.
Houve modelos de receptores europeus, e até nacionais ─ provavelmente por opção de economia ─ nos quais uma parte do primário do transformador de saída, foi adaptada, em certa época, para funcionar como “reforço” na filtragem da fonte de alimentação. Em algumas publicações esse sistema foi batizado como “filtro antirronco”. Na Argentina foi denominado de “transformador contrazumbido”.
Há dúvidas sobre se era apenas um apelo de “marketing”, para driblar patentes industriais da concorrência, ou se era um sistema eficiente. Em tese seria um enrolamento adicional no transformador de saída, que introduziria uma parte do ronco de C.A., em oposição de fase, para cancelamento do zumbido.
Em alguns transformadores de saída de rádios C.A./C.C. a “bobina adicional” não passava de uma derivação comum no extremo inferior do primário. Além disso o sistema filtrava apenas a linha de +B que alimentava a placa do pêntodo de saída: não atuava sobre a alimentação da grade de blindagem, por exemplo, por onde também podem ser introduzidas correntes de zumbido. Aparentemente funcionava mais para atenuar as ondulações da fonte, antes que um filtro de 60 Hz. Estude sempre o diagrama esquemático do aparelho: em alguns rádios antigos o reator de filtragem pode ter sido improvisado dentro do primário de transformador de saída.
Além dos sintomas e causas de zumbido alinhados, se o problema ainda persistir o trabalho deve ser o de isolar a etapa causadora do defeito no equipamento. Em aparelhos com transformador, retire as válvulas uma de cada vez dos soquetes, para tentar descobrir o estágio com defeito. Comece pela entrada de R.F., depois a osciladora, F.I., detectora, primeira de áudio, até a de saída de áudio, observando quando cessa o ruído.
Se o capacitor de saida da fonte entrar em curto, como descrito, nao haveria tensao alguma de saida e, portanto, nenhum zumbido mas talbez uma valvula ou diodo em curto…
Grato, colega Carlos Henrique. Talvez, depende da resistência de carga da fonte (no caso, curto do capacitor), ou seja, depende do tipo de “curto”. O colega pensa em curto total, “zero ohm”, provavelmente. Na prática não é bem assim. Dos capacitores eletrolíticos defeituosos da foto do artigo apenas um apresentou curto de zero ohm. Vários apresentaram resistência de até 1K. Com esse valor o capacitor perde a eficiência na filtragem e passa a funcionar meramente como resistor de drenagem, deixando passar tensões de ronco. É comum haver uma tensão presente na saída, (salvo que haja um fusível) ─ até onde aguentarem o transformador de força ou a retificadora, mesmo com o capacitor de saída da fonte funcionando em “curto-circuito” parcial.