O princípio de funcionamento do circuito ponte poderá ser compreendido com auxílio da figura 1. M e M’ são dois amplificadores de potência, com características elétricas idênticas. A carga (alto-falante) está ligada entre os pontos centrais D e D’ dos estágios de saída.
Em condições de repouso, ambos os terminais da carga estarão no mesmo potencial, que é a metade da tensão da fonte.
Quando forem injetados dois sinais de iguais amplitudes e de mesma fase nas entradas dos amplificadores, os sinais de saída serão idênticos em fase e amplitude. Ambos os terminais da carga possuirão o mesmo potencial instantâneo; portanto a diferença de tensão entre os terminais D c D’ permanece igual a zero e nenhuma potência será entregue à carga. Em outras palavras, esta configuração apresenta alta imunidade (rejeição) aos sinais de “modo comum”.
Esta vantagem não se restringe aos sinais de entrada. Qualquer tipo de interferência que influa igualmente nos dois canais será, eliminado ou atenuado na carga.
Assim, o ronco da fonte que penetra pela linha de alimentação, também será suprimido na carga.
Quando os sinais aplicados em M e M’ forem iguais c com fases opostas, as tensões instantâneas das saídas também estarão defasadas em 180°; portanto quando D atingir o pico positivo de sua excursão, D’ (estará no pico negativo. A tensão pico a pico aplicada à carga corresponde à diferença entre as tensões D e D’, isto é:
Vcarga(pico a pico) = Vpp – Vpp’
Uma vez que o sinal em D’ é idêntico ao sinal em D, podemos considerá-lo como o negativo deste. Logo:
Vcarga(pp) = Vpp – (-Vpp) = 2*Vpp
Evidencia-se então que uma das vantagens do circuito ponte é proporcionar o dobro da excursão que seria possível obter com um circuito push-pull tipo quase-complementar. Isto significa uma potência na carga 4 vezes maior, considerando que a tensão de alimentação permaneça a mesma.”
Vemos então que a aplicação da ponte entre os dois amplificadores é bastante diferente de utilizá-los em modo estéreo, com grande ganho em potência, distorção, ruído e zumbido, e a IBRAPE levou isso em consideração ao oferecer um projeto de boa fidelidade para sonorização, com alta potência, para os padrões da época.
Vejamos, então, como se comportou o RA-108 em modo bridge, em nosso analisador de áudio, com 6Ω de carga.
Inicialmente medimos a distorção à potência de 250W em 6Ω; na verdade fomos um pouco além e chegamos a 260W. Vejam a forma de onda à saída: