Outra informação presente nos mesmos manuais de serviço do amplificador é que esse ajuste tem uma tolerância, para mais ou para menos, de 20% em seu valor padrão (44mV entre os dois emissores dos transistores de saída), o que significa que ele não é crítico quanto a esse aspecto. O valor do manual, aliás, é bem próximo do recomendado para sobrepolarização ótima proposto por Oliver (Barney M. Oliver, “Distortion in Complementary Pair Class B Amplifiers“, Hewlett-Packard Journal, pp 11-16, February, 1971) que é de aproximadamente 26mV por transistor.
Após o ajuste, fechei o equipamento e acompanhei a variação da corrente de repouso e da temperatura no centro do dissipador.
A temperatura passou de 42oC para 48oC, para a temperatura ambiente de 28oC, o que era esperado, e a corrente de repouso para algo em torno de 60mV, próximo da tolerância informada. Me parece que a Gradiente não se preocupou com esse detalhe e, de fato, se a temperatura ambiente aqui no meu laboratório estivesse mais próxima do usual, entre torno de 22 oC a 24 oC, creio que o resultado estaria na faixa informada. Este tipo de circuito, em particular, mostra uma grande dependência desta para suas condições quiescentes.
Nos testes com a potência máxima nominal, em 4Ω, a temperatura nas aletas dos dissipadores ficou em aproximadamente 69 oC nessa condição, com a temperatura ambiente próximo em torno de 30 oC, aumento decorrente da própria geração de calor do amplificador. Testar essas coisas me faz lembrar que colocar um equipamento de ar-condicionado no ambiente da bancada talvez não seja uma má ideia…
Testes de bancada
Seguimos os procedimentos usuais e, novamente, o Sérgio Gallo nos auxiliou lembrando que em Antenna de março de 1983 havia sido publicada a análise do ampliceptor da Gradiente Model 1660, que tem a mesma etapa de amplificação, está no mesmo gabinete etc. Com isso teremos uma forma de comparar diversas medidas e até mesmo entender alguns dos resultados obtidos à época pelo Eng. Raguenet e pelo GAPJr.
As medidas foram realizadas em 240VCA/60Hz, por questões de compatibilidade com as medidas constantes do manual. Equivalem a testar em 120VCA, conforme estipulado no manual. Estão sintetizadas na tabela abaixo:
Adicionalmente, medimos a banda passante (resposta de frequência a -3dB) do estágio de potência e da entrada Auxiliar do amplificador, o que servirá também para explicar um achado dos articulistas de 1983.
Caiu o paradigma, parabéns Marcelo, excelente resenha
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Obrigado, Albano!
Muito top mesmo, agora quer vender ele ? 😁
Obrigado, Edilton! Se for vender aviso. Abraço,
Parabéns ! Texto excelente! E o trabalho realizado é um primor!
Obrigado, Antonio!
Quisera achar mais artigos assim. Infelizmente é raro uma linguagem simples com técnica impecável. Parabéns!
Obrigado, Roberto!
Bela matéria, parabéns! Resumindo, o ganho que se tem com Super A ativado não compensou a dor de cabeça pelo mau uso dos consumidores, se bem que devemos lembrar que no Rio de Janeiro no verão jcom temperaturas de 42° C já sabíamos que muitos clientes trariam seus equipamentos dotados deste dispdispositivo danificados. Eu desabiltei muitos deles a pedido dos clientes que não notaram nenhuma diferença. Sim há diferença, mas na prática os clientes não sentiam.
Prezado Fernando, obrigado pelos comentários, mas creio que os números melhores do 126 com polarização ótima dizem que não há ganho objetivo no uso do Super A, vis-à-vis a polarização adequada e por controle de bias comumente usada. Valores próximos foram obtidos também na análise do Model 166, em Som No. 7, de 1982. O grande problema era mesmo este observado por você, a grande dependência de ventilação adequada dos equipamentos da série. Abraço,
Parabéns pelo trabalho e pesquisa profunda!
Obrigado Augusto.
Muitas informações. Parabéns!
Poderia fazer um review como este com os lendários A1 e HA ll? Creio que a maioria das pessoas fossem curtir muito, principalmente se comparar os parâmetros de ambos
Obrigado, Arthur.
Quanto ao A1 e ao HAII, as análises já foram feitas e estão publicadas. Veja no site, na aba “Revista do Som”.
Abraço e boas festas.
Medi os capacitores eletrolíticos…. notei que estavam melhores que os mais novos ….só troque 4 eletrolíticos ruins. ESR e Vloss estava muito melhores que os capacitores novos
Excelente artigo/resenha/crítica, com descrição clara da restauração e das medidas e testes realizados. Eu já tinha lido e ouvido técnicos e engenheiros, projetistas e analistas desqualificarem não só o 246, mas outros aparelhos da Gradiente, afirmando serem eles simples cópias de má qualidade dos JVC. De outros ouvi elogios rasgados, enaltecendo o circuito Super-A, que este artigo mostrou não ser importante no desempenho do aparelho. Tenho um 246 e considero o desempenho dele muito bom, em todo o espectro de freqüências audíveis, com transientes rápidos, garantindo alta fidelidade na reprodução.
Muitos estudos foram feitos, visando minimizar a distorção de crossover, sendo o Super-A apenas uma delas. O que notamos é que o custo-benefício não compensou, ou seja, a pequena – e quase sempre subjetiva – melhoria percebida, às vezes contrariada por medidas e testes, é muito trabalhosa e cara, além de implicar manutenção mais freqüente.
Mesmo cerca de 40 anos depois, um amplificador como o 246 é ainda muito bom, mostrando desempenho superior a aparelhos fabricados muito tempo depois. Como outros amplificadores classe AB – ou com configuração semelhante a essa – o 246 deve ser colocado em local com boa ventilação, de preferência climatizado, pois usado em média ou alta potência realmente esquenta bastante. Entretanto esse aquecimento é bem menor que um classe A puro. Aliás, é muito raro um fabricante produzir – mesmo hoje em dia – um amplificador dessa classe com potência nominal de 60W RMS, pois dissiparia em torno de 500W.
Excelente trabalho, didático e que mostrou muito sobre as características dessa linha tão valorizada da Gradiente.
Gostaria de saber se existe a venda, o esquema com a tabela de tensões do mesmo, já que não se acha isso pela internet…
Grato pela atenção, fico a disposição
Aparecido
Obrigado Aparecido. Veja se esteclink ajuda: https://www.electronica-pt.com/esquema/audio/gradiente-som/gradiente-86-76-126-166-246-366-37953/
Bom dia.
Estou recuperando o meu Super A.
estou com dificuldade em conseguir o manual de serviço com qualidade, poderia me ajudar?
Para bens pelo trabalho de divulgação da restauração, irá ajudar muitas pessoas.
Obrigado! Veja se este link ajuda: https://www.electronica-pt.com/esquema/audio/gradiente-som/gradiente-86-76-126-166-246-366-37953/ Abraço e boa sorte na sua restauração.
Bom dia.
O 2N918 colocado tem 6 Terminais?
Estou restaurando o meu super A e estou com algumas dúvidas.
Olá Fainer. O transistor utilizado foi o 2N2918, duplo, com seis terminais Abraço,
Muito obrigado!!!
Parabéns pelo trabalho, excelente, já lia várias vezes e sempre percebo uma reflexão nova..
Queria ver se poderia comentar um aspecto que me chamou a atenção, a recomendação de 26 mV de ajuste para cada trasistor, no caso do 246 (resistor de emissor de 0R22) resulta numa corrente de 118,2 mA (se o ajuste for de 22 mV como o especificado no manual a corrente é 100 mA), no caso o Model 126 o resistor é 0R33 e então a corrente fica 78,8 mA. Nesse senti dizer que a sobreposição é ótima num certo valor de tensão (no caso 26 mV por transistor) me parece relativo pois como visto a depender do valor do resistor a corrente poderá ser maior ou menor, em outros projetos que buscam uma melhor resposta quanto a distorção tenho visto a recomendação desse valor em torno de 100 mA para a corrente de repouso, se vc puder comentar para gente seria interessante.
Att.,
Tales Souto
Obrigado, Tales,
De fato, o ajuste deve ser feito considerando-se a tensão sobre o resistor de emissor, sendo a corrente de repouso uma consequência. Oliver, em 1971, fez uma análise dessa questão, entre outras coisas, e você pode ver o texto neste link: https://www.hpl.hp.com/hpjournal/pdfs/IssuePDFs/1971-02.pdf. O critério de Oliver é citado em Cordell, Designing Audio Power Amplifiers, em sua segunda edição, particularmente em suas páginas 166 e 167, onde ele descreve a determinação da polarização ótima em classe AB (ou classe B ótima), e mostra que, quando o valor da tensão em Re é igual a VT, uma constante chamada de tensão térmica ou de equivalente voltimétrico da temperatura que, à temperatura ambiente (300K) é de aproximadamente 26mV, temos a melhor polarização possível para o estágio. Existe uma necessidade de compromisso entre linearidade na transição, eficiência e estabilidade térmica. Self mostra que, conforme RE diminui, a linearidade na transição melhora (Audio Power amplifier Design, 6a edição, pág. 277), à custa do aumento da corrente, para uma mesma tensão sobre RE, como você observou. Entretanto, também existe uma relação entre a estabilidade térmica e o valor de RE, que, se muito pequeno, prejudica essa estabilidade, que normalmente é melhorada com o acoplamento térmico do controle de polarização. Tudo é uma questão de compromisso. Nos valores usuais, 0,1 ohm em RE dará a melhor linearidade, à custa de uma corrente quiescente elevada, o que, se são usados muitos transistores em paralelo nas saída, o que é comum em potências elevadas, prejudica a eficiência. Aumentando-se RE, a linearidade na transição piora, mas a corrente de repouso fica mais razoável. Em meu protótipo (https://revistaantenna.com.br/construa-um-amplificador-em-classe-a-para-algo-mais/), tanto em classe B ótima quanto em classe A, com RE=0,22 ohm, consigo excelentes valores de distorção, com a corrente de repouso bem razoável. Tudo é questão de compromisso.
Parabéns pela matéria e trabalho de restauro. Análise muito bem feita , abordando os aspectos técnicos de maneira simples e objetiva indo direto ao ponto.
Possuo um Model 366, realmente é um equipamento formidável. Porém deve-se tomar os devidos cuidados com sua utilização e ventilação.
Gostei bastante da análise final, sobre o THD, em comparação com a poalizaração de Bias de maneira convencional, o quanto isso influencia positivamente e se o custo reflete-se no beneficio. Parabéns pela análise,
Parabéns pelo trabalho.
Possuo um 246 que adquiri há algum tempo atrás mas ele está apresentando problemas nas entradas de Phono.
Gostaria de fazer uma revisão geral nele mas infelizmente não conheço nenhum técnico realmente capacitado para assistência nesses aparelhos na cidade de São Paulo onde resido. Tenho muito receio em deixar o aparelho aos cuidados de técnicos que como você escreveu em seu artigo costumam fazer “gambiarras” (se é que essas já não foram feitas ) no aparelho.
Sei que aqui não é o local para isso mas se por acaso você pudesse me indicar algum técnico capaz e confiável ou se por acaso você mesmo fizesse esse tipo de serviço poderia me informar o contato? Realmente gosto muito do amplificador e ele é o que eu uso para ouvir música.
Obrigado
Jose Antonio
Obrigado, José Antonio.
Aí em SP há bons técnicos paravfazer manutenção em seu 246. Se você tiver acesso ao Facebook, seguem alguns nomes de profissionais competentes para isso: Christian Luloian, Edu KVG, Paulo TXT e José Carlos 366, que acho que é de Santos. Basta pesquisar no Facebook que você acha os contatos com facilidade. Forte Abraço e boa sorte.
Obrigado.
boa tarde a todos . possuo um gradiente model 246 so tirei a placa do amplificador por esta toda torrada. se alguem se interessar em comprar para fazelo funcionar ,esta a disposiçao. usei uma placa de 400w desta do ml, funcionou perfeitamente. meu contato .ivan querino . zap 18.997327446 . junqueiropolis sp . OBS nao se encontra com a placa amplificadora original…