Espero que vocês já tenham enchido a pança e a cabeça com o “prato principal”, sobre o conceito de decibel, servido na edição de dezembro/23 e feito a “digestão” portanto, estejam prontos agora para se deliciarem com a “sobremesa” que já havia sido anunciada naquela edição para deixá-lo com água na boca e dúvidas na cuca.
E assim nasceu o dBm
Todo mundo sabe desde criancinha que para produzir potência elétrica precisamos aplicar uma DDP sobre uma resistência ou uma impedância.
O conceito “primitivo” de decibel, desenvolvido pelos engenheiros da Bell Telephone System, baseado no logaritmo da relação de potências, foi uma sacada importante, mas não estabelecia qual a seria a impedância da linha nem, tampouco, indicava uma potência de referência.
Para melhorar isso, em 1939(*), a indústria estabeleceu um padrão de medida utilizando 1miliwatt em uma linha telefônica de impedância 600Ω e este padrão foi denominado dBm.
A pergunta que precisamos responder é: – quantos volts precisamos para obter 1mW sobre 600Ω? Basta lembrar que
Logo concluímos facilmente que E = √(〖600 x10〗^(-3) ) = 0,775VRMS = 775mVRMS
Então, 0,775VRMS irá produzir 1mW sobre 600Ω que será designado como 0dBm.
*Professor de Matemática e Técnico em Eletrônica
(*) Segundo Saul Sorin, à página 163 de seu livro Teoria Y Practica de Decibel (edição de 1958), em maio de 1939 houve um acordo entre a Bell Telephone Laboratories, a CBS e NBC para se adotar como Unidade de Volume (VU) a potência de 1mW sobre uma carga de 600Ω, mais tarde adotada por toda a indústria e denominada dBm. Por este acordo se estabeleceu que a escala de um VU-meter seria calibrada de forma similar à de um decibelímetro, tal que 0dbm =1mW e, portanto, 1VU = 1dBm.