Potência de Saída: Uma Guerra de Números e Siglas

Lembro que no mercado brasileiro os fabricantes não eram obrigados a seguir norma alguma até 2006 (quando o INMETRO editou a portaria número 054, para produtos de uso doméstico) e de acordo com a portaria número 054 de 2009, agora todos os fabricantes de produtos áudio são obrigados a declarar a potência de acordo com a norma IEC60268. É um avanço e tanto para o consumidor brasileiro!

POTÊNCIA PMPO: A potência PMPO, do original em inglês “Peak Music Power Output”, possui algumas traduções bastante peculiares, tal a má fama que adquiriu no mercado brasileiro. Quando surgiu, era originalmente definida como o valor máximo de pico que um amplificador consegue entregar. Na realidade, o autor pôde verificar, na década de 90, um procedimento de cálculo da potência PMPO que dava, dependendo do produto, entre 2 a 4 vezes o valor real. Em seguida à introdução do PMPO, as empresas iniciaram uma corrida de números sem fundamento para simplesmente apresentar um número maior que seu concorrente direto. A potência PMPO chegou a atingir valores elevadíssimos, por conta desta corrida.

Nas palavras do próprio INMETRO: “Os valores declarados para potência PMPO se elevam a até 50 vezes o valor RMS. Como não existe procedimento técnico normalizado, cada fabricante desenvolve seu próprio método para medir a potência de seus equipamentos e a relação RMS/PMPO varia de fabricante a

fabricante, impossibilitando assim que o consumidor faça uma comparação entre aparelhos de marcas diversas. Os resultados encontrados ao compararmos a Potência RMS X PMPO demonstra que há um abuso no uso desse parâmetro para caracterizar um equipamento de som. O consumidor ao adquirir um equipamento de som com 1000 Watts PMPO dificilmente saberá que a potência real do seu aparelho pode ser, por exemplo, de 18 Watts.”

Hoje, além de ser uma potência desacreditada, ela está proibida pelas portarias daquele Instituto.

Um comentário sobre “Potência de Saída: Uma Guerra de Números e Siglas”

  1. Jonas Paulo Negreiros24 de setembro de 2024 às 7:13 AMResponder

    O caso do IHF (Instituto de Alta Fidelidade, associado ao IEEE), ovo da serpente da inflação de potência, não era originariamente declarado em watts. O começo do engano começa com a expressão “dynamic headroom”. Headroom é um termo de engenharia civil que especifica a distância da cabeça de um homem de pé até o teto da casa. Quanto mais alto é um homem e menor a altura do teto da casa, maior risco de num simples pulo o homem bater a cabeça no teto. A analogia do IHF é que quanto maior for a tensão de alimentação, maior será a excursão do sinal de audio antes desse atingir o ceifamento da onda, também conhecido como clipping.

    É sabido que , pelas limitações de regulação de fonte de um amplificador linear, durante o repouso e consumo mínimo, a tensão de sua fonte aumenta. Intuitivamente deduzimos que o “dynamic headroom” aumenta também, algo que permite a excursão do sinal de áudio de curta duração acima do valor obtido quando o amplificador processa um sinal de audio contínuo, como por exemplo uma longa nota de um órgão de tubos.

    O pecado do IHF, apesar de originariamente não declarar a potência em watts e sim em decibéis, é que a comparação entre os dois níveis de sinal obtidos na saída do amplificador é derivada de duas condições diferentes, isto é: os tempos de excitação do sinal injetado no amplificador mudam consideravelmente . Esse é um erro conceitual grave.

    Compare o caso da “potência IHF” com a medição de potência média contínua de um amplificador que processa um sinal a 1% ou 10% de DHT – Distorção Harmônica Total. Esses dois valores podem ser obtidos sem dificuldades.

    Notar que é impossível medir a DHT de um um sinal IHF pulsante; é possível apenas observar a tangente de clipping em osciloscópio, pois não há tempo suficiente para um medidor de DHT estabilizar-se. Então a comparação “Dynamic Headroom”, mesmo que declarada em decibéis, é falsa.

    Outro problema conceitual igualmente grave é que quando definimos o tempo de medição de potência, a grandeza “potência” muda para a grandeza “trabalho”. Assim, essa grandeza deve ser expressa em Joules, watt-segundo, kWh, etc, nunca em watts.

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