Potência de Saída: Uma Guerra de Números e Siglas

A fonte de alimentação é o fator limitante da potência máxima de um amplificador. Nessa situação, quando o teste é realizado em um único canal, ela trabalha com muita folga alimentando esse canal, e a potência obtida será muito maior do que no teste de todos os canais sendo utilizados simultaneamente, no qual ela é exigida ao máximo, e suas limitações aparecem na forma de potências menores para operação simultânea de todos os canais.

Em resumo, a potência medida com um único canal em operação é bastante superior à potência obtida com todos operando simultaneamente, e os fabricantes têm divulgado com frequência esse tipo de medição. Uma variante desse método é permitida numa norma de origem norte-americana, mas a portaria do INMETRO se refere a uma norma que não permite isso.

Essa é a principal razão pela qual amplificadores de 3 ou 5 canais são utilizados em substituição aos canais frontais e traseiros dos receivers de home-theater. Há receivers no mercado que especificam 7 canais de 100 W eficazes (tensão RMS) e que na bancada, com os 7 canais operando, não fornecem mais que 40 ou 50 W por canal.

Os órgãos reguladores de diversos países têm tentado disciplinar esse mercado, inclusive no Brasil, através do INMETRO. Nos Estados Unidos, a iniciativa de regular o mercado através de uma norma compulsória é datada de meados dos

anos 70, por uma norma do departamento de comércio americano, a Federal Trade Commission (FTC). No nosso caso, somente em 2009 tivemos uma iniciativa similar.

Um comentário sobre “Potência de Saída: Uma Guerra de Números e Siglas”

  1. Jonas Paulo Negreiros24 de setembro de 2024 às 7:13 AMResponder

    O caso do IHF (Instituto de Alta Fidelidade, associado ao IEEE), ovo da serpente da inflação de potência, não era originariamente declarado em watts. O começo do engano começa com a expressão “dynamic headroom”. Headroom é um termo de engenharia civil que especifica a distância da cabeça de um homem de pé até o teto da casa. Quanto mais alto é um homem e menor a altura do teto da casa, maior risco de num simples pulo o homem bater a cabeça no teto. A analogia do IHF é que quanto maior for a tensão de alimentação, maior será a excursão do sinal de audio antes desse atingir o ceifamento da onda, também conhecido como clipping.

    É sabido que , pelas limitações de regulação de fonte de um amplificador linear, durante o repouso e consumo mínimo, a tensão de sua fonte aumenta. Intuitivamente deduzimos que o “dynamic headroom” aumenta também, algo que permite a excursão do sinal de áudio de curta duração acima do valor obtido quando o amplificador processa um sinal de audio contínuo, como por exemplo uma longa nota de um órgão de tubos.

    O pecado do IHF, apesar de originariamente não declarar a potência em watts e sim em decibéis, é que a comparação entre os dois níveis de sinal obtidos na saída do amplificador é derivada de duas condições diferentes, isto é: os tempos de excitação do sinal injetado no amplificador mudam consideravelmente . Esse é um erro conceitual grave.

    Compare o caso da “potência IHF” com a medição de potência média contínua de um amplificador que processa um sinal a 1% ou 10% de DHT – Distorção Harmônica Total. Esses dois valores podem ser obtidos sem dificuldades.

    Notar que é impossível medir a DHT de um um sinal IHF pulsante; é possível apenas observar a tangente de clipping em osciloscópio, pois não há tempo suficiente para um medidor de DHT estabilizar-se. Então a comparação “Dynamic Headroom”, mesmo que declarada em decibéis, é falsa.

    Outro problema conceitual igualmente grave é que quando definimos o tempo de medição de potência, a grandeza “potência” muda para a grandeza “trabalho”. Assim, essa grandeza deve ser expressa em Joules, watt-segundo, kWh, etc, nunca em watts.

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