A bem da verdade, quem se manifestou foi a paixão pela eletrônica, que nunca deixei de ter. De lá pra cá adquiri rádios e outros equipamentos que nunca terei tempo para consertá-los, porém numa quantidade que pode facilmente provocar um divórcio.
Pois bem. Hoje já me considero curado do afã de adquirir novos rádios e dedico o pouco tempo que me sobra do trabalho para reparar meus “rádios velhos” ou os de amigos muito próximos, desde que não tenham problema com tempo.
Como moro um pouco depois do fim do mundo, minha maior dificuldade é conseguir componentes para os equipamentos que conserto. Aqui não tem mais quase nada de eletrônica.
Componentes mais comuns, meu amigo Bruno Rocha compra em Natal e me manda. Os mais difíceis de encontrar, quase sempre me valho da boa vontade (e do estoque) do amigo Sidney Daros Jr. que, quando não tem o que preciso, compra em São Paulo e muito gentilmente me envia.
Por mais absurdo que possa parecer, mais das vezes me sai bem mais barato comprar componentes no E-Bay de países europeus do que aqui no Brasil, quando considerados o valor do componente e do envio.
O equipamento que me deu mais trabalho para recuperar foi um radinho Philco, modelo “T-7- 126”, da primeira série de rádios transistorizados fabricados pela Philco. Provavelmente passou anos com as pilhas estouradas dentro e estava completamente oxidado. Foi uma batalha para recuperar o capacitor variável e o chassi. Felizmente a eletrólise me auxiliou e no final o rádio voltou a falar.
O que me deu mais prazer, sem dúvidas foi o rádio “Dynatron T99A”. É um equipamento bem raro. Infelizmente não consegui o diagrama esquemático nem mesmo no Dynatron Museum, para voltar à condição original da válvula que faz o pré, na entrada de phono, pois o administrador do museu me informou que nem eles tinham o esquemático deste modelo. Contudo, consegui fazê-lo funcionar satisfatoriamente. O amplificador que compunha o conjunto – um “Dynatron LF612” – este refiz praticamente todo o circuito.
Atualmente tenho me dedicado mais a reparar antigos equipamentos de bancada, deixando-os aptos a serem usados nos meus consertos. A ideia é montar a bancada com equipamentos com idade próxima da minha, todos funcionando bem, claro. Grande abraço, Gilton Filho.
Imagens do Dynatron podem ser vistas em: