O SOM DO CINEMA – Uma Breve História – Parte III

Alfredo Manhães*

O desenvolvimento do áudio estereofônico, nos anos 1930, e do sistema multicanal, criado pelos Estúdios Disney para o filme Fantasia, nos anos 1940, foram inovações importantes para o som do cinema, embora não tenham sido adotadas de forma sistemática pela indústria cinematográfica em função dos custos elevados.

Basta citar, por exemplo, a resposta de frequência dos novos sistemas, que saiu do valor máximo de 6 KHz do Vitaphone para os 15 KHz do Fantasound, levando os executivos do cinema a repensarem os padrões e normas.  

A busca por melhor qualidade de áudio na produção de filmes teve grande efeito sobre a Academia de Cinema, que, após o impacto do Fantasound, desenvolveu um esforço considerável para avaliar as condições da acústica de vários cinemas, fossem eles grandes ou pequenos. Assim, foi criado um comitê de profissionais, incluindo engenheiros e pesquisadores, para analisar as características das salas de cinema.

Esse trabalho só foi possível com o desenvolvimento de um instrumento portátil de alta precisão para medir o tempo de reverberação dos auditórios.

Sua fonte de sinal era um filme de testes, o “Academy Warble Film”, que, ao ser exibido, gerava tons em diversas frequências que eram captados pelo medidor. Os estudos demonstraram experimentalmente que havia diferenças consideráveis nas medições entre os auditórios, explicando o motivo pelo qual um filme não soava da mesma forma em todos os cinemas, embora todos devessem seguir o padrão da Academia.

O Comitê concluiu que problemas acústicos estruturais e de grandes proporções não poderiam ser corrigidos eletronicamente.

Em paralelo a esta pesquisa no campo da eletroacústica, novos materiais chegaram ao mercado. Foi o caso da liga metálica AlNiCo, que, por apresentar ótimas características magnéticas, era aplicável na produção de imãs permanentes, com custo/benefício atraente para a fabricação de alto-falantes mais leves.

Outra contribuição importante da época se deu no campo da eletrônica, com o aperfeiçoamento do processo de fabricação de válvulas de potência, o que permitiu a utilização em larga escala de produtos como as KT66 e ​​6L6.

*Mestre em Engenharia da Computação

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