O SOM DO CINEMA – Uma Breve História – Parte II

Os anos 40 e o Fantasound

Leopold Stokowski foi um regente britânico bastante competente, e em sua carreira passou pela condução da Orquestra Sinfônica de Nova Iorque e da Orquestra Sinfônica Americana, além de outras.

Ele tornou-se famoso por não usar a batuta em suas apresentações.

Especula-se que Stokowski conheceu o cartunista e empresário Walt Disney em 1937 em um restaurante de Hollywood. Ele soube que Disney, criador de personagens icônicos dos quadrinhos e do cinema, tinha interesse em desenvolver um projeto de animação contendo uma coletânea de desenhos, cada qual com uma música clássica. Os desenhos seriam então reunidos em um longa-metragem com único título.

O encontro entre Disney e Stokowski foi o ponto de partida para que o projeto chegasse às salas de cinema.

A ideia deles envolvia não somente a trilha sonora, mas também a possibilidade do uso de estereofonia na produção, embora se soubesse que o áudio monofônico era o padrão adotado pelos estúdios de cinema. Ambos já haviam participado de experiências com estereofonia e tinham interesse no assunto.

A estereofonia tem por base a fisiologia humana, pois temos dois ouvidos e cada qual tem percepção auditiva distinta. Esta característica nos permite perceber a direção, intensidade e distância de fontes sonoras localizadas ao nosso redor.

As primeiras incursões na estereofonia remontam ao século XIX. Talvez a mais conhecida seja a do francês Clément Ader, que apresentou na Exposição Internacional de Eletricidade de 1881 em Paris, um sistema estéreo que transmitiu uma ópera por meio de um dispositivo chamado teatrófono, produzindo nos ouvintes as  sensações de um “som espacial”.

Ader utilizou 80 transmissores telefônicos que foram posicionados na frente do palco da Ópera Garnie, localizada a 2 Km da exposição. Os longos cabos convergiam para um sistema de áudio em dois canais que ficava em salas dedicadas à audição. Desta forma os visitantes tinham acesso às apresentações da Comédie-Française e de ópera utilizando dois fones de ouvido e assim podiam perceber o efeito estereofônico.

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