“Boa tarde, em que posso servi-lo?” cumprimentei-o com um sorriso encorajador.
“Bem, eu tenho um problema mas não sei se o sr. poderá resolvê-lo.”
“Do que se trata, amigo? Se é de eletrônica, e não for coisa muito séria, estamos aqui justamente para isso.”
“Bem, não é p’ra consertar nada, moço. O caso é mais complicado. Eu montei um “kit” de televisão, com todo o capricho, seguindo rigorosamente todas as instruções de montagem, mas, depois que liguei o ‘bicho’, apareceu uma sombra escura na tela que não há jeito de sair. Não sei que diabo é isso. Estou ainda no primeiro ano de Televisão e, como já montei alguns aparelhos de rádio, achei que não seria difícil montar um ‘kit’ de televisão. O próprio folheto de instruções diz que até uma criança pode montar um aparelho de TV.
Andei também consultando alguns colegas que me disseram que devia ser zumbido, e que era preciso mudar um capacitor eletrolítico. Fiz mais que isso, troquei logo de cara todos os eletrolíticos e também os dois retificadores de silício da fonte de alimentação.
Mas qual o quê, quando voltei a ligar o aparelho, lá estava a tal barra escura atravessando a imagem. O som está ótimo. Tem sincronismo vertical e horizontal. Tudo parece estar OK mas como é que o raio desta barra escura não sai?
Será que é o cinescópio?”
Fiquei observando a aflição com que o rapazinho expunha suas dificuldades enquanto, ao mesmo tempo, como que procurava demonstrar seus conhecimentos de eletrônica e não estar muito por fora do assunto. Comecei a recordar-me de meus tempinhos de estudante, quando montei meu primeiro “rabo quente”, e a surpresa que tive ao notar que o bichinho ficara mudo como uma pedra…
Bem, já estava quase na hora de fechar o “expediente”, mas como terça-feira era o dia de folga de Marta, nosso anjo milagroso de forno e fogão, podia apostar cem contra um que o jantar lá em casa seria, como invariavelmente nas terças-feiras, ensopadinho de quiabo que, sem nenhum desdouro pelo gosto culinário de minha cara metade, detesto de todo o coração. Assim, dispus-me a ajudar nosso futuro mago da Eletrônica com meus parcos conhecimentos adquiridos no dia a dia da oficina, e assim protelar por mais algum tempo o “entrevero” com o jantar da patroa.
“Bem, vamos dar uma olhada nisso aí.”
Excelente História, é assim que devemos fazer com quem quer aprender de verdade.
Bela história, um pouco fantasiosa, mas serviu para mostrar as etapas e os blocos de uma TV antiga a válvula, só senti que faltou ao técnico colocar a válvula boa no lugar da defeituosa para mostrar o funcionamento perfeito da TV, afinal poderia ter outro defeito que só se apresentaria após a troca da válvula, faltou mencionar também que no circuito analisado os filamento das válvulas estariam ligadas em paralelo, de qualquer forma é uma bela história.