O Novo Mundo do Áudio Digital Parte III

obtida são da ordem de 145 dB, e o erro de quantização devido ao aumento dos níveis intermediários cai para 6 ppm (partes por milhão). A uma taxa de amostragem de 192 KHz, Nyquist nos diz que a resposta em frequência deve ser plana até 96 KHz.

Esses números são excepcionais e necessitam de uma eletrônica também excepcional para que o sinal não de deteriore em seu caminho no restante da cadeia de áudio. Há a necessidade óbvia de eletrônica sofisticada para obtermos a alta performance necessária para a reprodução fiel do sinal e mesmo com o uso dela, o sinal irá sofrer alguma degradação. Imaginem então o que acontece ao se usar eletrônica mediana ou então aquela de consumo que se compra no supermercado. Alta resolução é para quem possui equipamento de nível superior e para quem está acostumado a ouvir áudio com qualidade. De nada adianta pegar usuários acostumados a ouvir músicas altamente comprimidas em seu celular e expô-los a um sistema HRA que a maioria não vai perceber a diferença. Necessita-se de iniciação para notar a diferença. O autor costuma citar que HRA é como vinho. É necessário ser iniciado e treinado para se tornar um admirador de produtos de melhor qualidade.

Voltando à questão do desempenho dos equipamentos, a dinâmica e relação sinal-ruído de 145 dB exige demais do restante da cadeia de áudio. Os melhores amplificadores não conseguem chegar lá, assim como as melhores caixas acústicas. Há amplificadores muito bons no mercado com 130-135 dB de relação sinal-ruído, o que é equivalente a 22 bits de resolução, que custam muito caro e ainda assim não conseguem tirar proveito dos 24 bits disponíveis. 

Em relação à resposta em frequência, amplificadores de alta resolução chegam facilmente a respostas em frequência de 100 kHz. Existem no mercado nacional amplificadores de alta resolução que chegam muito mais longe, com resposta em frequência de até 300 kHz. Já as caixas acústicas estão muito longe desses valores de resposta em frequência, sendo ainda o elo onde o desempenho deixa mais a desejar.

Abrindo um parêntesis antes de encerrar a coluna, lembro também que esta não é a primeira vez que a indústria de áudio lança produtos de alta resolução. Historicamente, tivemos na década de 90 o lançamento do HDCD (High Definition Compatible Digital), um processo de codificação que melhora a banda dinâmica e sinal-ruído de um CD, mantendo a compatibilidade com os Compact Discs anteriores de 16/44.1.

Esse sistema foi desenvolvido por uma empresa chamada Pacific Microsonics, que posteriormente foi adquirida pela Microsoft. O HDCD codifica o equivalente a 20 bits de dados em um sistema de 16 bits usando uma série de artifícios matemáticos. Muitos players ainda tem a capacidade de decodificar HDCD, e existem muitos títulos ainda no mercado, mas a tecnologia não vingou e foi deixada de lado pelos fabricantes de mídia.

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