Capacitores de Acoplamento em Áudio – Parte II

Mas trata-se de um circuito que trabalha com sinais de áudio, e é nosso interesse que ele permita que sinais de frequências compreendidas entre 20Hz e 20kHz, o que é um padrão para a banda audível, trafeguem sem mudanças ou limitações significativas.

Para nos ater ao que é mostrado em muitos vídeos na Internet, vamos trabalhar com a entrada do “buffer”, ou seja, vamos estimar valores de Ci que sejam compatíveis com a banda passante que desejamos para nosso circuito. Co será tratado em outra ocasião, mas este tratamento não é muito diferente do que deve ser feito em relação a Ci.

Como o capacitor está em série com o sinal de entrada, a tendência é que ele atenue sinais conforme a frequência destes caia e diminua, ou mesmo torne desprezível, a atenuação em frequências mais altas. É o que chamamos de configuração passa-altas.

Como já citado, entendemos que o circuito deve permitir a passagem de  sinais com frequências de trabalho a partir de 20Hz, assim, utilizaremos a seguinte fórmula, bastante conhecida para circuitos passa-altas de primeira ordem, RC:

FL= 1/(2*π*R*Ci) (Ref. 1)

Com FL=20Hz, e, aqui, vai uma observação útil: a fórmula acima nos dará FL como sendo a frequência em que a tensão do sinal, na saída do filtro cai a 71%, aproximadamente, em relação à amplitude em sua entrada, é o ponto de -3dB em tensão.

Se queremos uma resposta plana a partir de 20Hz, FL deve ser calculado mais abaixo, digamos, em 5Hz, para que em 20Hz a atenuação seja mínima. Entretanto, atenção, muitas vezes a capacidade de resposta a sinais subsônicos pode ser ruim, especialmente para sonofletores. Antigamente, em alguns equipamentos, havia uma chave de filtro para essas frequências, particularmente para evitar problemas com discos de vinil.

Até aqui, tudo bem: sabemos a frequência de corte que queremos, mas, falta o valor da resistência (ou impedância) de entrada, medida no ponto A do esquema.

E é neste ponto que “a porca torce o rabo”; em diversos vídeos na Internet o pessoal “foge” deste detalhe. Em um, por exemplo, o apresentador simplesmente diz: coloque 20kΩ, que vai funcionar…

E creio que temos, neste caso, demonstrado um problema que afeta as profissões técnicas no Brasil: por conta da dificuldade que os alunos têm, ao sair dos cursos básicos, com Matemática e Língua Portuguesa, é comum encontramos “técnicos” tentando compartilhar seus conhecimentos na Internet sem terem formação sólida nessas duas áreas, e o resultado é muito ruim, normalmente.

Infelizmente, não tem jeito, se o leitor pretende ser um bom técnico, que sabe o que está fazendo, deve ter conhecimento sólido nessas duas áreas; na primeira, para conseguir calcular os circuitos e entender as medições que devem ser feitas neles e, na segunda, para entender o que um autor, datasheet ou especialista ensina ou informa sobre determinado assunto.

Deixe um comentário