Um verdadeiro “rabo-quente” brasileiro?

Uma das formas de ajuste das curvas do transformador de FI é através da variação do acoplamento entre as bobinas. Acoplamentos mais “frouxos” rendem curvas agudas, com rendimento alto, elevado ganho, boa seletividade, mas sonoridade pobre.

Outra possibilidade é tornar o acoplamento entre os enrolamentos secundário e primário do transformador, mais cerrado (mais próximo), quando a curva de seletividade começa a se alargar no topo. Quando ultrapassa o chamado ponto crítico, a amplitude permanece máxima, a curva se alarga e o topo apresenta uma crista mais plana, com picos duplos, achatados (“C”, na ilustração).

Figura 9. Os transformadores de FI com boa sensibilidade, seletividade ─ e resposta de áudio melhorada, como alguns modelos da Comar ─ trabalhavam com ajuste cuidadoso do ponto de sobreacoplamento, para a obtenção de uma curva mais larga e mais plana no topo (“C” no gráfico). ─ Ilustração: Bukstein, Edward J. In: “Transformadores e bobinas ─ é fácil compreendê-los”, ed. Antenna, s/d., trad. de José Gurjão Neto, sob licença de Howard W. Sams & Co., Inc. Título original: “Understanding Transformers & Coils”.

O grau de acoplamento é determinado pelos projetistas dos transformadores. Nos Comar, o acoplamento era otimizado para o ponto que o filtro proporcionasse, na etapa de FI, o melhor rendimento, seletividade e melhor sonoridade dos graves e agudos presentes no sinal de AM.

Bobinas desse tipo eram o que havia de mais avançado na época em termos de tecnologia de circuitos de FI. Havia também os transformadores de FI com enrolamento terciário ou de regeneração. Falaremos deles em outra oportunidade.

A calibração das bobinas de FI tipo flattop (crista plana) tinha técnicas especiais. A Comar recomendava uma sequência especial no procedimento de calibração dos seus filtros de FI com essa característica passabanda alargada.

2 comentários sobre “Um verdadeiro “rabo-quente” brasileiro?”

  1. Fausto Trentini23 de setembro de 2024 às 7:57 AMResponder

    Nossa, que nostalgia que bateu! Mexer em rádios e televisões valvuladas que funcionavam tanto em AC como em DC!

    1. Dante Efrom4 de outubro de 2024 às 9:34 AMResponder

      Gratos pela mensagem, colega Fausto. A retrônica está na moda, a pleno vapor. Aproveitamos para relembrar aos leitores que os aparelhos antigos tipo CA-CC, ou seja, sem transformador, apresentam risco de choques elétricos potencialmente perigosos. A lida nesse tipo de equipamento deve ser executada por pessoas treinadas e adotando os indispensáveis procedimento e equipamentos de segurança, entre os quais o transformador de isolação. Recomenda-se também a adoção de IDRs, interruptores diferenciais residuais na bancada de serviços ou na instalação domiciliar. Em breve falaremos deles em ANTENNA. Abraço, permaneça em contato!

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