Um verdadeiro “rabo-quente” brasileiro?

Desconfie de produtos, oferecidos nos grupos de antigos, apresentados através de vídeos em movimento. Ninguém quer saber de acompanhar onde circulam os elétrons: as imagens em movimento podem esconder detalhes importantes do aparelho. Antes de comprar a “relíquia” pela internet examine bem se o aparelho está com todos os componentes originais.

Providencie a documentação técnica do receptor, para compará-la com o exemplar que está sendo anunciado. Recuse-se a adquirir equipamentos “mexidos”, principalmente se você for iniciante. Muito provavelmente será comprar gato por lebre. Reparar aparelhos que não funcionam e que foram completamente “fuçados” por “oidartécnicos” ─ pode às vezes ser mais dificultoso do que remontá-lo completamente.

Atenção aos sinais de degradação. Se o aparelho apresentar sinais de ferrugem severa e mofos, isso indica que o receptor sofreu umidade: as bobinas e outros componentes críticos como os contatos da chave-de-ondas podem estar danificados.

Gabinetes de rádios atingidos por água ficam comprometidos. Refazer um radiorreceptor antigo com contrachapados, atacados por umidade, ao contrário do que dizem certos “especialistas” em enjambrações, dificilmente produzirá resultados que possam ser chamados de uma restauração.

Há igualmente aparelhos antigos que foram montados com componentes de má qualidade. Nunca um rádio antigo, mal produzido, melhorará com a idade. O passar dos anos cobra um preço elevado principalmente nos aparelhos mal manufaturados e com componentes de baixa qualidade (v. figura 7). Não se fie apenas em marcas. O que muito importa é a conservação.

A Semp, por exemplo, teve modelos bons, mas em certos períodos da sua produção aconteceram aparelhos de baixa qualidade, que apresentavam problemas mesmo quando novos. Em muitas marcas e modelos, os fabricantes determinavam modificações e adaptações depois de iniciada a comercialização do equipamento. Em outros as correções nunca ocorreram ou foram procedidas somente anos depois pelos próprios profissionais da rede de assistência autorizada.

Mesmo a famosa Telefunken teve alguns modelos com defeito de projeto e de montagem, como descrevemos em ANTENNA (setembro de 2023, página 12: https://revistaantenna.com.br/setembro-2023/). Na Philips houve modelos que apresentaram defeito de fabricação, obrigando a fábrica a fazer recall, de aparelhos em garantia, para troca de componentes.

Os leitores interessados em recuperações de clássicos de topo podem ter uma pálida ideia da tarefa que é restaurar rádios antigos, “classudos”, conhecendo o admirável trabalho que o competente colega Daltro D’Arisbo, do “Museu do Rádio”, executou num Scott Philharmonic de 30 válvulas. Uma descrição pormenorizada da restauração pode ser encontrada, em PDF, neste link: https://www.museudoradio.com/restaura/SCOTT%20Philharmonic%20Restauracao.pdf .

2 comentários sobre “Um verdadeiro “rabo-quente” brasileiro?”

  1. Fausto Trentini23 de setembro de 2024 às 7:57 AMResponder

    Nossa, que nostalgia que bateu! Mexer em rádios e televisões valvuladas que funcionavam tanto em AC como em DC!

    1. Dante Efrom4 de outubro de 2024 às 9:34 AMResponder

      Gratos pela mensagem, colega Fausto. A retrônica está na moda, a pleno vapor. Aproveitamos para relembrar aos leitores que os aparelhos antigos tipo CA-CC, ou seja, sem transformador, apresentam risco de choques elétricos potencialmente perigosos. A lida nesse tipo de equipamento deve ser executada por pessoas treinadas e adotando os indispensáveis procedimento e equipamentos de segurança, entre os quais o transformador de isolação. Recomenda-se também a adoção de IDRs, interruptores diferenciais residuais na bancada de serviços ou na instalação domiciliar. Em breve falaremos deles em ANTENNA. Abraço, permaneça em contato!

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