Um verdadeiro “rabo-quente” brasileiro?

Que isso sirva de reflexão para os novatos. Restauração não é apenas para quem quer. É para quem pode. Não adianta apenas a intenção, a vontade, a “paixão pelos rádios antigos”. É preciso também o saber fazer. Não adianta, igualmente, procurar as melhores marcas antigas, os clássicos Mercedes-Benz, os Rolls-Royce ou os Stradivarius dos rádios antigos.

Bom projeto e boa conservação são mais importantes. Mais importante do que a marca ou a procedência do equipamento é o estado de conservação em que este se encontra. Scott, Telefunken, Philips ou outros clássicos famosos, se altamente degradados serão extremamente difíceis, ou até impossíveis, de restauração. A tentativa de restaurá-los resultará caríssima e os resultados podem não ser os sonhados.No máximo, consegue-se recuperá-los.  

Explicamos melhor: restaurar é devolver ao objeto as suas condições originais. Dependendo das condições do equipamento, será possível apenas recuperar ou repararo equipamento. Trabalhos em equipamentos antigos em mau estado são altamente onerosos e o resultado talvez nunca chegue ao ponto de poder ser classificado de restauração.

Figura 7. Isto é uma “relíquia”? Não se deixe enganar: isto é uma sucata. Um dia isto foi um receptor, um Semp PT76. Além de problemas de qualidade que aconteceram em muitos modelos quando novos, o passar dos anos é ainda mais inclemente com as montagens ruins: nunca melhora o que já era deficiente. Não se guie apenas pela emoção (“era o receptor que o meu avô usava”) ou pela eventual fama da marca, nas ofertas de receptores pela internet. Mais importante do que a fama do aparelho é seu estado de conservação. O modelo Semp da foto nem para doação de peças provavelmente serve ─ a não ser para jazer no cemitério dos inservíveis. Não é “raridade” ─ muito menos “relíquia”.

Se é para aprender o ofício de consertar rádios antigos, melhor começar com aparelhos simples, com cinco ou seis válvulas. Muitos leitores pedem-nos orientações: “Qual o receptor devo comprar? Quais são as marcas mais recomendadas?”

Dê preferência a modelos com transformador de força. Como advertimos sempre, receptores antigos sem transformador de força oferecem maior perigo de choques fatais ─ salvo que sejam modificados. O mais importante: estude bem as condições do aparelho. Exija fotos nítidas da parte inferior e superior do chassi.

2 comentários sobre “Um verdadeiro “rabo-quente” brasileiro?”

  1. Fausto Trentini23 de setembro de 2024 às 7:57 AMResponder

    Nossa, que nostalgia que bateu! Mexer em rádios e televisões valvuladas que funcionavam tanto em AC como em DC!

    1. Dante Efrom4 de outubro de 2024 às 9:34 AMResponder

      Gratos pela mensagem, colega Fausto. A retrônica está na moda, a pleno vapor. Aproveitamos para relembrar aos leitores que os aparelhos antigos tipo CA-CC, ou seja, sem transformador, apresentam risco de choques elétricos potencialmente perigosos. A lida nesse tipo de equipamento deve ser executada por pessoas treinadas e adotando os indispensáveis procedimento e equipamentos de segurança, entre os quais o transformador de isolação. Recomenda-se também a adoção de IDRs, interruptores diferenciais residuais na bancada de serviços ou na instalação domiciliar. Em breve falaremos deles em ANTENNA. Abraço, permaneça em contato!

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