Um verdadeiro “rabo-quente” brasileiro?


Figura 6. O impressionante receptor Scott Philharmonic, de 30 válvulas. Produzido sob encomenda, representava o máximo de sofisticação e complexidade em sua época. A empresa Scott chegou a produzir rádios com 40 e até 50 válvulas!

Um dos defeitos de projeto do receptor era distorção no áudio, causada por sobrecarga do sinal de FI na etapa detetora. Outro problema eram os capacitores de acoplamento: a qualidade do tipo adotado não era boa, o que obrigava os reparadores a substituí-los, em bateladas. Alguns dos capacitores problemáticos eram montados no interior das canecas de FI ─ um trabalho maçante e delicado.

A Scott chegou a lançar receptores com 48 e até 50 válvulas. Seus aparelhos eram feitos por encomenda, somente para o mercado de luxo. Eram produtos acessíveis a poucos.

O que tudo isso tem a ver com a nossa atividade de restauração de rádios antigos? Muita coisa. Serve para demonstrar que havia clássicos que, se já eram difíceis de reparar antigamente, com o passar do tempo torna-se ainda mais difícil o seu conserto ou a sua restauração, principalmente para quem não tem larga experiência em valvulados antigos.

Componentes como os transformadores de FI de um Scott Philharmonic são verdadeiras joias da técnica e da arte eletrônica. Nunca mais foram fabricados. Não se encontravam nos varejistas de componentes nem na época de fabricação. Sua restauração não será mais possível, salvo que o restaurador tenha grande experiência, conhecimento, talento, engenhosidade e paciência.

2 comentários sobre “Um verdadeiro “rabo-quente” brasileiro?”

  1. Fausto Trentini23 de setembro de 2024 às 7:57 AMResponder

    Nossa, que nostalgia que bateu! Mexer em rádios e televisões valvuladas que funcionavam tanto em AC como em DC!

    1. Dante Efrom4 de outubro de 2024 às 9:34 AMResponder

      Gratos pela mensagem, colega Fausto. A retrônica está na moda, a pleno vapor. Aproveitamos para relembrar aos leitores que os aparelhos antigos tipo CA-CC, ou seja, sem transformador, apresentam risco de choques elétricos potencialmente perigosos. A lida nesse tipo de equipamento deve ser executada por pessoas treinadas e adotando os indispensáveis procedimento e equipamentos de segurança, entre os quais o transformador de isolação. Recomenda-se também a adoção de IDRs, interruptores diferenciais residuais na bancada de serviços ou na instalação domiciliar. Em breve falaremos deles em ANTENNA. Abraço, permaneça em contato!

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