Um verdadeiro “rabo-quente” brasileiro?

O resistor embutido de nicrome não podia ser emendado. A conexão no plugue e na fonte do rádio era por prensagem através de arruelas e parafusos. Como o cabo de alimentação trabalhava aquecido, para evitar sobreaquecimento e risco de incêndio não devia ser enrolado, encurtado ou escondido atrás de cortinas.

Figura 4. O rabo-quente verdadeiro da Douglas era montado em gabinetes “genéricos”. O mesmo tipo de gabinete foi utilizado em vários outros rádios posteriores, com o circuito 6C45 da Douglas, como o “Monitor” da ilustração.

No Brasil não se fabricaram, em escala industrial, receptores genuinamente “rabo-quente”, ou seja, com cabo de alimentação com resistência. Os poucos que foram vendidos no país eram originários da Argentina, geralmente semiartesanais, em forma de kits, ou oriundos dos Estados Unidos.

Para reparações nestes aparelhos, havia cordão resistivo vendido, por metro, em algumas lojas de componentes eletrônicos da época, no Rio de Janeiro, nos primeiros tempos, e depois também em São Paulo. Os cabos resistivos vinham do exterior. O Rio de Janeiro era o grande centro importador de componentes naquele tempo e tinha a maior rede de varejistas.

Dependendo da tensão de funcionamento do receptor, o cabo era escolhido e cortado no comprimento necessário, para que o resistor de queda tivesse o valor ôhmico adequado. Havia cabos de 190 ohms/metro e de 240 ohms/metro.  Em ANTENNA de maio de 2023, p. 33, explicamos isso. Não faça confusão: os verdadeiros “rabos-quentes” eram os aparelhos com o resistor embutido no cabo de alimentação.

Além de fornecido em forma de kit ou já montado, o mesmo receptor “rabo-quente”, com o conjunto das bobinas Douglas 6C45, foi comercializado posteriormente sob a marca “Radium”, no início da década de 50, provavelmente produzido por lojistas.

2 comentários sobre “Um verdadeiro “rabo-quente” brasileiro?”

  1. Fausto Trentini23 de setembro de 2024 às 7:57 AMResponder

    Nossa, que nostalgia que bateu! Mexer em rádios e televisões valvuladas que funcionavam tanto em AC como em DC!

    1. Dante Efrom4 de outubro de 2024 às 9:34 AMResponder

      Gratos pela mensagem, colega Fausto. A retrônica está na moda, a pleno vapor. Aproveitamos para relembrar aos leitores que os aparelhos antigos tipo CA-CC, ou seja, sem transformador, apresentam risco de choques elétricos potencialmente perigosos. A lida nesse tipo de equipamento deve ser executada por pessoas treinadas e adotando os indispensáveis procedimento e equipamentos de segurança, entre os quais o transformador de isolação. Recomenda-se também a adoção de IDRs, interruptores diferenciais residuais na bancada de serviços ou na instalação domiciliar. Em breve falaremos deles em ANTENNA. Abraço, permaneça em contato!

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