Por que então a realimentação negativa em produtos de áudio tem sido apontada como culpada pela baixa qualidade de alguns amplificadores? Indo além, alguns fabricantes dizem que seu amplificador não possui realimentação negativa. Isso é verdade?
Realimentação negativa é uma técnica que amostra o sinal de saída de um sistema, o inverte e o reintroduz na entrada desse mesmo sistema. Tentando explicar de forma muito simples: a saída de qualquer circuito amplificador apresenta alguma distorção e, normalmente, os projetistas não se preocupam em saber com precisão quais são os erros e corrigi-los, até porque a correção não é possível ou, se é possível, se torna inviável do ponto de vista técnico ou econômico.
A forma adequada de lidar com esses erros é comparar a saída com a entrada e fazer com que o circuito corrija a saída (de forma simples: a aumente ou a diminua) até que o erro se reduza a (cerca de) zero. Com isso se consegue melhorar a resposta em frequência, reduzir a distorção harmônica, abaixar a impedância de saída (ou seja, aumentar o fator de amortecimento) e estabilizar os parâmetros dos amplificadores, tornando-os reprodutíveis em larga escala. Isso é feito, basicamente, basicamente trocando ganho de sinal não utilizado por maior linearidade.
Por que então a realimentação negativa é considerada uma coisa a ser evitada em aparelhos de áudio?
Nas revistas especializadas de áudio, alguns avaliadores de equipamento argumentam até hoje que a realimentação negativa é ruim e que amplificadores com baixa taxa de realimentação ou sem realimentação são os melhores. Usualmente se argumenta que a realimentação global é ruim e que a realimentação local é considerada de melhor qualidade. Também se comenta que altos níveis de realimentação negativa são prejudiciais, e eliminam a dinâmica, tornando o amplificador lento.
Essas afirmações são simplesmente inverídicas e baseadas em fatos não reais, e foram alimentadas nas décadas passadas por pessoas que não conseguiam entender corretamente os fenômenos que estavam gerando qualidade sonora baixa em amplificadores transistorizados que utilizavam altas taxas de realimentação negativa. Devo lembrar que esse debate começou na época em que os transistores foram introduzidos como elementos ativos nos amplificadores, pois até então os elementos dominantes (as válvulas), por sua topologia de circuito, somente permitiam realimentação local e pequenas doses de realimentação global.