Uma fonte poluidora que gera uma interferência de 40 dBµV/m causará uma leitura de sinal aproximadamente de S9 no receptor do vizinho. Um sinal com nível de interferência de 70 dBµV/m, gerado por fonte chaveada ou controlador de potência, apresentará uma leitura de S9 + 36 dB num receptor próximo. Isso significa que a interferência poderá bloquear até a recepção de estações fortes.
O gráfico da figura 6, publicado pelo colega Basu Bhattacharia (VU2NSB), mostra que em áreas urbanas, dependendo da frequência de operação e da localização, o patamar de ruído gerado pela poluição radioelétrica chegou ao ponto de tornar inviável a recepção de sinais fracos.
As faixas de ondas médias e as de 160 metros e 80 metros, são as maiores prejudicadas com as fontes de poluição radioelétrica. Mas o nível de ruído piorou, igualmente, em outras bandas, nas últimas décadas, em razão da proliferação de dispositivos eletrônicos interferentes. Em áreas urbanas densas, onde dispositivos eletrônicos com fontes chaveadas estão amplamente distribuídos, o piso de ruído já se tornou tão elevado, em alguns pontos, que a recepção de sinais fracos se tornou impossível.
Um estudo da UIT, União Internacional de Telecomunicações, revelou que as áreas urbanas e suburbanas são atualmente as grandes geradoras de poluição radioelétrica. Em média, nas grandes cidades o nível médio de poluição radioelétrica já é de 50 dBµV/m. Nas áreas rurais ─ no passado quase nada afetadas por ruídos artificiais ─ o nível médio de ruído já chega a 20 dBµV/m ou mais dependendo da região.
O estudo da UIT confirma o que os dexistas já sabiam: na atualidade, além de radiorreceptores sensíveis e boas antenas, somente é possível uma recepção com baixo nível de ruído nas áreas rurais. No Rio Grande do Sul, encontrei locais de nível de ruído zero na região montanhosa de São José dos Ausentes e na região da campanha.
Figura 8. Não adianta observar somente a sensibilidade do rádio: o ambiente da recepção também é fundamental. Recepção com patamar zero de interferências, ou próximo de zero, geralmente é possível, nos tempos atuais, apenas em locais remotos. O receptor preferivelmente deve ser operado com baterias e estar conectado a um bom sistema de antena. Foto: Aparados da Serra, RS, a aproximadamente 1.500 m de altitude, entre São José dos Ausentes e Bom Jesus. Na região, com antena tipo Beverage, orientada para o norte, frequentemente era possível captar estações de ondas médias dos Estados Unidos, por exemplo, embora com QSB, durante a madrugada, aqui no Brasil.