Rádios valvulados antigos captavam melhor as ondas curtas?

As impedâncias de entrada e saída dos circuitos sintonizados devem estar corretamente casadas. Bobinas de antena e osciladora podem parecer semelhantes, entre marcas diferentes, mas não são iguais. Foram projetadas para proporcionar a ressonância correta para a cobertura das frequências marcadas no mostrador, para a máxima transferência de energia, para determinados tipos de válvulas, e para determinadas impedâncias do circuito e capacitâncias em série/paralelo.

Transformadores de FI de elevado desempenho foram produzidos para capacitâncias distribuídas, máximas e mínimas, do circuito. Fazer “voltinhas” ou o “esquadrejamento” da fiação em etapas de FI pode alterar a capacitância parasita prevista, afetando o rendimento da etapa.

O uso de fio nu, rígido, prática comum em conexões de chaves de ondas e nos indutores dos circuitos de RF, buscava minimizar as capacitâncias parasitas que podiam causar atenuação do sinal e afetar o desempenho do estágio. A adoção de prateamento nos fios ajudava a diminuir a resistência de contato, prevenir contra a oxidação e aproveitar melhor o efeito pelicular: a corrente de RF tende a fluir mais pela superfície do condutor, especialmente nas frequências altas (ver figura 1).

Um outro recurso adotado nos receptores de ondas curtas era o de comutar para massa (“terra”), os indutores do circuito que não estivessem em operação. Aterrar as bobinas que não estão sendo utilizadas busca evitar a absorção/perda de energia nos circuitos ressonantes que possam afetar o desempenho do receptor. Geralmente o aterramento das bobinas não utilizadas era feito através de uma seção da chave de comutação de faixas.

Indutores próximos podem interagir nos circuitos sintonizados por acoplamento capacitivo ou indutivo, atuando como “cargas” parasitas. Os veteranos reparadores conheciam bem esse fenômeno: diziam que determinadas bobinas, se dispostas muito próximas, “matavam” ou atuavam como “poço” para o sinal.

Outros recursos utilizados no receptores valvulados antigos de elevada sensibilidade eram: etapas de FI de maior amplificação;  etapas amplificadoras de RF e filtros na entrada; válvulas de RF e FI de baixo ruído e com alto fator de amplificação (6K7, 6SK7 e outras pêntodos); transformadores de FI de alta qualidade; capacitores variáveis de precisão, com mecanismos redutores tipo “vernier”; faixas ampliadas; oscilador local de boa estabilidade; estágio detector projetado para extrair o máximo de sinal com o mínimo de distorção e perda etc.

Fujamos para o campo. Ou para as montanhas. Como sabem os dexistas, antena externa eficiente é fundamental para uma boa recepção em ondas curtas. Como já comentado na edição de novembro de 2022 de ANTENNA,  (https://revistaantenna.com.br/novembro-2022/ ), p. 26, receptores valvulados foram projetados e calibrados para uso com antenas externas. Uma boa antena era importante para que os sinais débeis de ondas curtas fossem perceptíveis acima do patamar de ruído. Em bons receptores o sinal deve ficar pelo menos de 3 dB a 10 dB acima do nível de ruído.

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