Figura 2. Em certos equipamentos de radiocomunicações profissionais e militares, as válvulas eram meticulosamente avaliadas e selecionadas, uma a uma. Foto: testes na Raytheon, que se especializou no fornecimento de equipamentos para aplicações aviônicas.
O que é a sensibilidade de um receptor para ondas curtas e como era medida essa especificação? A sensibilidade de um receptor refere-se à capacidade do aparelho de captar sinais débeis, detectá-los e traduzi-los em áudio útil e inteligível. Tipicamente é a intensidade mínima do sinal de RF na entrada para produzir uma saída de áudio de determinado nível e qualidade (relação sinal/ruído).
A sensibilidade antigamente era expressa em microvolts (µV), que corresponde à tensão mínima do sinal de RF na entrada que o receptor podia detectar. Na atualidade, usa-se a unidade dBm para definir a sensibilidade, que é uma medida logarítmica da potência do sinal em relação a 1 miliwatt.
A sensibilidade de 1 µV, por exemplo, se refere ao nível mínimo de tensão do sinal de RF, necessária na entrada de antena do receptor, para produzir um sinal de áudio com uma relação sinal-ruído (S/N) aceitável. Normalmente usava-se um critério de 6 ou 10 dB de S/N, dependendo do fabricante, ou seja, o sinal detectado tem que ser 6 ou10 dB mais forte que o ruído de fundo.
No sistema atual da sensibilidade, em dBm, a medição corresponde à potência de 1 miliwatt (1 mW) @ 50 Ω. Um sinal de 1 µV em um sistema de impedância de 50 ohms, equivale aproximadamente a -107 dBm.
Basicamente o processo de medição adotado antigamente para a medição da sensibilidade é similar ao de hoje. A diferença maior é que antigamente a medição era feita toda com equipamentos analógicos. A medição da sensibilidade envolvia um gerador do sinal de teste de RF, medidor de nível de áudio e osciloscópio. O sinal de teste era modulado em amplitude, geralmente com uma frequência de áudio de 1 kHz, O receptor era ajustado na frequência de RF gerada: se o gerador era ajustado em 6 MHz, o receptor devia ser sintonizado para essa frequência de ondas curtas.
A sensibilidade era medida verificando-se a saída de áudio do receptor, através do medidor de nível de áudio e/ou através da análise no osciloscópio. O sinal de entrada era ajustado até que na saída atingisse um nível de 50 mW, por exemplo, com uma relação sinal/ruído de 10 dB.
Quais eram os receptores valvulados antigos mais sensíveis? Receptores fabricados pela Hallicrafters Collins, Hammarlund, National eram conhecidos por sua sensibilidade excepcional para a época. Alguns modelos dessas marcas, com sensibilidade na faixa de 1 a 2 microvolts, eram altamente valorizados por radioamadores e dexistas. Eram equipamentos de bom desempenho para a captação de sinais fracos, até mesmo em condições difíceis de propagação, sendo por isso largamente adotados também em aplicações militares, governamentais e profissionais.