Marcelo Cipulo Almeida*
Em complemento ao nosso artigo do mês passado, passamos, então, a tratar da restauração do Radiola AR812, propriamente dita. Como vimos, a parte mais importante do circuito ficava dentro de uma lata lacrada, preenchida com uma substância conhecida como rosina que, para permitir o acesso ao circuito, deve ser previamente derretida. Dentro da catacumba de um Radiola AR812 há cerca de um quilo de rosina.
Não recomendamos colocar a catacumba em um forno, como faz a maioria dos colecionadores, o que pode comprometer o circuito pela elevada temperatura, além de queimar o revestimento dos fios. Muitos relatam um terrível odor nesse processo e culpam a rosina. Se você utilizar um soprador térmico e for aquecendo lentamente a lata, o circuito se desprenderá com a rosina, como se fosse um tijolo (ver fotos). Depois é só aquecer a rosina com o mesmo soprador, e ela pingará como parafina, revelando o circuito, sem risco algum.
Aliás, a rosina não desprende mau cheiro, ela tem origem vegetal e é produzida por uma determinada variedade de pinhos. Mesmo assim, aconselha-se derrete-la em local bem ventilado.
Para aquele que vai restaurar um Radiola AR-812, a maior atenção (após se livrar da rosina), é com os fios provenientes das bobinas de RF e IF. As terminações dessas bobinas não são reforçadas, mas apenas o prolongamento dos seus enrolamentos (fio AWG 44), muito frágeis por si só, o que é agravado pela idade avançada.
No esquema abaixo vê-se o circuito. O tracejado indica o que fica dentro da catacumba.
Na tabela seguinte, a sequência de testes de continuidade.
* Advogado, restaurador e colecionador de receptores históricos