Quando o convite foi comunicado, na sala dos professores, só eu e mais dois professores aceitamos o desafio e, imediatamente, fomos buscar alunos que quisessem participar, para formarmos a equipe. Um dos critérios para participar era estar com média para aprovação e sem dependências. A adesão foi excelente.
Para participar do desafio, a UFRJ nos cedeu um casco de catamarã (cheio de buracos), que estava abandonado no Projeto Grael, em Niterói (RJ) e nos emprestaram um motor Phantom usado, de baixíssimo desempenho, e que ainda tivemos que consertar, assim como remendar o casco da embarcação.
Conseguimos preparar o barco e participar da competição, ficando em 10º lugar na classe catamarã, entre 13 competidores. Fomos a única equipe que participou de todas as provas, não ficando fora de nenhuma.
Nosso barco era lento, mas confiável.
Na verdade, além do aprendizado técnico, outras habilidades foram trabalhadas e desenvolvidas, como trabalho em equipe, relacionamento, organização, gestão de crises, comprometimento com resultados, foco e outras.
Os resultados foram excelentes. Os alunos foram unânimes em dizer que, em uma semana de DSB eles aprenderam mais que em um ano e meio de ETAM.
Nos anos seguintes fomos aprimorando o barco e o sistema de propulsão e controle, até chegarmos à versão deste artigo.
Em 2016, a Escola Naval demonstrou interesse em participar do DSB e foram nos visitar para ver o barco e buscar orientação, o que fizemos com prazer.
Em 2017 foi a vez da EFOMM (Escola de Formação de Oficiais de Marinha Mercante), localizada no CIAGA (Centro de Instrução Almirante Graça Aranha) também querer participar, e também mostramos o “caminho das pedras” a eles.
Em 2021, fomos convidados a lecionar no CIAGA e, como eles estavam sem orientador para a equipe do barco solar, me ofereci para a função, sendo imediatamente aceito pelos alunos.
Além disso, até hoje mantemos contato com as equipes da Escola Naval e do CEFET de Itaguaí (RJ), as quais orientamos à distância e extraoficialmente, sempre que eles pedem a nossa ajuda.
Essa é a história resumida do projeto do barco solar, que é, antes de tudo, uma aventura que mistura conhecimento tecnológico, trabalho em equipe e motivação pessoal.
Os sempre escassos recursos para desenvolvimento de ciência de ponta em nosso país criam oportunidades únicas para a inovação.
Mas vamos adiante com o projeto.
