A IBRAPE divulgava que ele entregava 250W eficazes a uma carga de 6Ω. A solução adotada foi a já citada elevação da tensão de alimentação e o uso de duas unidades em ponte, conforme mostrado em seu manual:
Trata-se de uma solução inteligente, pois permite que se trabalhe com tensões mais baixas e, consequentemente, com semicondutores mais baratos, todos à época de produção nacional.
Observem que a potência de 250W é obtida com distorção harmônica de mais que 1%, mas, de qualquer forma, é um número expressivo, para a época, e mesmo hoje em dia.
Esse kit foi muito usado, então, por equipes de sonorização; era barato, potente e compacto. Ideal para trabalhos externos e que exigissem mobilidade.
Uma dessas equipes era a famosa Furacão 2000, com seus famosos “paredões sonoros”, fundada há 51 anos por Gilberto Guarany, e que continua em atividade. Você pode conhecer parte de sua história aqui:
https://furacao2000.com.br/quem-somos/.
Nós mesmos montamos diversos kits da Ibrape, na época.
Tive o prazer de conhecer um dos criadores dos kits da IBRAPE. Se minha memória não falha, tratava-se do Sr. Moreira. Além de vendedor técnico, resolveu desenvolver kits, a fim de aumentar aos vendas dos componentes da IBRAPE. Enchia os olhos dos experimentadores ao ver nas lojas da Rua Santa Ifigênia pilhas de kits embalados em caixas de isopor em capas azul e vermelhas . Muitos fabricantes de móveis também adotaram os Kits, para produção em série.
Eu e o amigo Luiz estávamos em apuros com os maus resultados da montagem de um kit monofônico de 10 W. Apesar de usar o chassis Incson e transformador da Tancham, o amplificador estava oscilando.
O Sr. Moreira nos deu uma série de dicas de “lay out” de fiação, como por exemplo usar pares torcidos, a fim de evitar as indesejáveis realimentações de sinais, bem como montar a plaquinha do pré-amplificador de cápsula magnética o mais próxima da base do chassis metálico.
Na época, o Sr. Moreira estava desenvolvendo um kit de amplificador monofônico de 50 W.
Causou-nos surpresa quando ele nos convidou para um teste de comparação entre o Kit transistorizado a germânio e um amplificador valvular. Os graves do kit eram mais poderosos que o valvular.
No meu entendimento, havia chegado o tempo de aposentadoria dos amplificadores valvulares.
Muito tardiamente compreendi por que o Sr. Moreira comparava a evolução de seu projeto transistorizado com um amplificador que havia atingido o “estado de arte”.
Excelente relato, Jonas! Obrigado!