Sem mais delongas, incorporamos uma rede RC-série à saída, para o terra, após o capacitor de acoplamento, com um resistor de 4,7Ω/2W e um capacitor de 47nF/250V. Isso, somado ao aumento do capacitor de compensação C6 para 220pF, eliminou as oscilações parasitas, limitando um pouco a resposta em altas frequências.
O “motorboating” foi eliminado com a colocação, bem próxima aos terminas de +B e terra do módulo, de um capacitor de 10µF/100V, o que, aliás, aparece, bem discretamente, no esquema da fonte publicado na Nota Técnica RA-108. Muito provavelmente ele iria desaparecer na montagem definitiva do amplificador, pois os cabos da fonte de teste são muito compridos, mas é recomendável mantê-lo, mesmo assim.
Na figura abaixo temos o módulo que permite o uso do RA-108 em modo “não-bridge” e incorpora a célula RC descrita acima.
Esse processo de ajuste é digno de nota: muitas vezes vemos nos grupos de discussão das redes sociais afirmações sobre mudanças de componentes ou adaptação de topologias sem os devidos cuidados e sem o conhecimento de coisas importantes sobre amplificadores de áudio, como a correta compensação de seu circuito em malha fechada. Neste caso, o uso de alguns transistores mais modernos tornou necessário algum ajuste; não se tratou de apenas aproveitar aqueles transistores de comutação rápida de fontes chaveadas “dando sopa” na sucata…
O pequeno circuito inversor foi montado em uma placa separada, agregada a um das abas de um dos dissipadores, e segue na próxima página:
Tive o prazer de conhecer um dos criadores dos kits da IBRAPE. Se minha memória não falha, tratava-se do Sr. Moreira. Além de vendedor técnico, resolveu desenvolver kits, a fim de aumentar aos vendas dos componentes da IBRAPE. Enchia os olhos dos experimentadores ao ver nas lojas da Rua Santa Ifigênia pilhas de kits embalados em caixas de isopor em capas azul e vermelhas . Muitos fabricantes de móveis também adotaram os Kits, para produção em série.
Eu e o amigo Luiz estávamos em apuros com os maus resultados da montagem de um kit monofônico de 10 W. Apesar de usar o chassis Incson e transformador da Tancham, o amplificador estava oscilando.
O Sr. Moreira nos deu uma série de dicas de “lay out” de fiação, como por exemplo usar pares torcidos, a fim de evitar as indesejáveis realimentações de sinais, bem como montar a plaquinha do pré-amplificador de cápsula magnética o mais próxima da base do chassis metálico.
Na época, o Sr. Moreira estava desenvolvendo um kit de amplificador monofônico de 50 W.
Causou-nos surpresa quando ele nos convidou para um teste de comparação entre o Kit transistorizado a germânio e um amplificador valvular. Os graves do kit eram mais poderosos que o valvular.
No meu entendimento, havia chegado o tempo de aposentadoria dos amplificadores valvulares.
Muito tardiamente compreendi por que o Sr. Moreira comparava a evolução de seu projeto transistorizado com um amplificador que havia atingido o “estado de arte”.
Excelente relato, Jonas! Obrigado!