Antes do surgimento das válvulas de mu variável, o controle de ganho era manual ou com circuitos rudimentares. Alguns rádios tinham atenuadores de antena, por exemplo, para ajustar a recepção entre sinais fracos e fortes. Outros variavam as tensões de filamento com reostatos. Obviamente não eram as melhores soluções. Distorções e modulação cruzada entre sinais adjacentes eram um problema comum, principalmente nas proximidades de estações fortes. A introdução de válvulas de mu variável permitiu que as válvulas ajustassem automaticamente sua amplificação. Com isso, ficou possibilitado o controle de ganho de RF, melhorando a recepção de sinais fortes e fracos, sem distorção. As válvulas de mu variável foram essenciais para a evolução dos circuitos super-heteródinos.
Em forma de hélice de passo variável. Qual foi a solução encontrada para variar o ganho, ou seja, qual foi o método que possibilitou que a válvula apresentasse um fator de amplificação ajustável, baixo para sinais fortes e alto para sinais fracos? O grande segredo foi a grade com enrolamento de passo variável.
O conceito de válvula eletrônica de mu variável (µ-variável), com grade de espaçamento não uniforme, foi desenvolvido por pesquisadores da Western Electric e da RCA, entre as décadas de 1920 a 1930. O crédito pela invenção é de Harold Alden Wheeler um genial engenheiro da Hazeltine Corporation, que propôs o uso de grades desse tipo para modificar a transcondutância de válvulas de maneira controlada.

Figura 8. Grades de válvulas. À esquerda uma grade de quadro, que atuava como G1 (grade de controle) de uma válvula miniatura EF183/6EH7, de transcondutância variável, da Philips Miniwatt. A olho nu quase não se consegue perceber o enrolamento e o espaçamento entre as espiras de fio. Na grade de quadro, feita com enrolamento de precisão, de fio finíssimo (e pequeno distanciamento em relação ao catodo), o controle do fluxo eletrônico era altamente eficiente, com maior grau de amplificação de sinal (ganho de até seis a oito vezes superior ao de válvulas comuns) em cada estágio do receptor. Válvulas tipo grade de quadro apresentavam também a vantagem de menor fator de ruído, característica importante em circuitos para frequências elevadas. Ao centro aparece uma G2, grade auxiliar. À direita está uma grade construída com espiras mais abertas no centro do enrolamento, com maior espaçamento, característico de grades de mu variável. Nas extremidades o enrolamento é mais cerrado (espiras mais próximas). Nas primeiras válvulas tipo mu variável ou “supercontrole”, o ajuste da transcondutância era feito na G1, grade de controle, também chamada às vezes de “grade sensível”. Em alguns tipos de válvulas mais modernas o espaçamento de passo variável foi adotado até na G3, grade supressora, supostamente para maior controle do fluxo de elétrons secundários e, talvez, para resposta mais linear do AGC.