No mundo das Válvulas – 2

O espaçamento entre as espiras do fio da grade de mu variável, como mencionado, era crítico. Certas grades eram construídas com fios finíssimos, quase invisíveis a olho nu (v. figuras 9 e 10). O espaçamento tinha passo variável: nos extremos do enrolamento as espiras eram mais apertadas, e no centro mais espaçadas, para permitir melhor controle do fator de amplificação (mu), pela variação da polarização aplicada na grade de controle.

Figura 11. Falha química e elétrica em válvula: a fotografia microscópica mostra a grade de uma válvula miniatura que sofreu degradação por carbonização/dano térmico. Observa-se que, ao centro do enrolamento, o espaçamento era mais aberto, típico de válvula de µ-variável. Mesmo grades de controle (G1) de válvulas de recepção, que operam com baixas tensões, possuem correntes máximas. As mais críticas são as grades auxiliares (G2), que operam com tensão próxima da tensão de placa, podendo superaquecer, o que torna imperativo que os limites máximos de operação da válvula sempre devem ser obedecidos.  A expansão térmica pode levar a deslocamentos mecânicos no alinhamento das espiras, derretimento do fio ou até provocar curtos-circuitos internos na válvula. Erros nas polarizações são causas frequentes de falhas catastróficas nas válvulas por excesso de corrente/sobrecargas na operação. ─ (Fotos do autor).

A Western Electric e a RCA foram pioneiras na produção comercial das válvulas de mu variável. Depois das 35 e 39 não demorou para que surgissem modelos como a 6K7 e a 6SK7 ─ que se transformaram em padrão no projeto de inúmeros equipamentos de rádio comerciais e militares da época. A contribuição de Ballantine e Snow foi principalmente no aperfeiçoamento das válvulas de controle automático de ganho. Seus estudos abordaram as variações do fator de amplificação (µ) em função da tensão de grade, explorando como diferentes geometrias de G1 poderiam influenciar a resposta da válvula aos sinais de rádio. 

Figura 12. Diagrama esquemático do rádio Atwater Kent, modelo 55, de 1929, com as válvulas de tipos 24A, 27, 45 e 80. Em muitos aparelhos dos primeiros tempos, os métodos de controle de ganho eram manuais, através da comutação por chaves “local/distante”, para as estações fortes ou fracas sintonizadas, ou através da regulagem nos resistores de polarização de catodo.

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