Quais são os limites entre restauração e modificação em um equipamento? Pode um rádio histórico ser modificado para voltar a funcionar?
Fomos ouvir, para enriquecer esta edição de ANTENNA, a opinião de alguns especialistas sobre o tema das restaurações e recuperações de rádios antigos.
Para o colecionador, pesquisador e restaurador Marcelo Cipulo de Almeida (https://www.facebook.com/iovismaximus) , basicamente restauração é respeitar tudo o que era feito na época. “É procurar trazer a peça às suas condições originais, utilizando componentes e técnicas originais, que eram usadas na época” ─ aponta o restaurador.
O dedicado e competente restaurador explica: “Você não vai restaurar uma peça de 1920, por exemplo, usando parafuso tipo Philips, que somente surgiu na metade final da década de 30. Você vai procurar, num rádio dos anos 20, usar fiação de pano ─ ainda que seja fiação moderna, mas de pano. Então são esses pormenores: você vai procurar não desvirtuar a peça, não é só questão de aparência: caso a gente acabe ‘modernizando’ alguma coisa, deve ser para garantir a segurança” ─ aponta o restaurador.
Marcelo Cípulo Almeida comenta também sobre a tendência do “restomod” (restoration + modification), que surgiu em certos setores da retrônica.
Restomods são equipamentos clássicos sendo atualizados com componentes modernos e novas tecnologias. É a adaptação de módulos bluetooth, ps3 e outros dispositivos modernos, por exemplo, nos equipamentos antigos.
“Quando se faz uma intervenção que modernize alguma coisa ─ vamos imaginar, uma válvula por diodo ─ vamos criar aquilo que os americanos chamam de restomod, uma restauração/modernização. Já não é mais aquela coisa tão original assim. Não é uma restauração propriamente dita. É uma ressignificação, como quando você pega uma peça da época e moderniza ─ como um rádio Philips da década de 30 e coloca um circuito transistorizado nele. Isso não é restauração. Na verdade, é uma ressignificação, um reaproveitamento estético”, complementa Marcelo de Almeida.
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Figura 10. Daltro S. D’Arisbo, do Museu do Rádio, outro talentoso restaurador e pesquisador, tem opinião semelhante: “Restaurar um rádio nos traz a ideia de quando o objeto foi construído”.