Modificar um equipamento para torná-lo mais seguro, assim, é uma abordagem a ser considerada pelo profissional restaurador, tanto para proteção contra o risco de choques, quanto de conformidade legal. É uma decisão a ser tomada caso a caso, visando equilibrar a preservação histórica, a segurança do consumidor e a adequação com a legislação atual.
Mantenha sempre registros das modificações feitas. Na maioria das vezes a etiqueta de advertência será suficiente em vendas destinadas a colecionadores ou para demonstrações assistidas, mas a comercialização de certos modelos de rádios antigos, para uso operacional, sem qualquer comunicação do perigo de choques potencialmente letais ao consumidor comum, que não tenha conhecimento técnico, pode expor o vendedor a riscos judiciais. Documentar todas as intervenções feitas é útil para preservar a integridade histórica e permitir avaliações futuras.
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Figura 9. O restaurador, pesquisador e colecionador Marcelo Cipulo de Almeida, dando os retoques finais ─ sem “restomods” ─ em um rádio Péricaud Régional, francês, de 1924. “Não é somente questão de aparência: restaurar é procurar não desvirtuar a peça” ─ destaca Marcelo. ─ (Foto: Andreas Triantafyllou).
Para não realizar alterações nos rádios antigos, tipo CA/CC, um erro comum, entre alguns reparadores, é tentar orientar o usuário de rádios com chassi vivo “a inverter o plugue na tomada, caso o aparelho dê choque”. Essa “solução” é inadequada. Os riscos permanecem. Caso o circuito do rádio tenha o chassi diretamente conectado a um dos lados da rede elétrica, fase ou neutro, isso significa que:
─ Quando o rádio está desligado, dependendo da posição do plugue, o chassi pode estar conectado ao neutro, reduzindo o risco de choque em relação à terra. Se o plugue for inserido invertido, o chassi estará conectado à fase, mesmo sem o rádio estar em uso.
─ Quando o rádio estiver ligado, independentemente da posição do plugue, o chassi estará energizado no potencial da rede de tensão alternada. Isso torna a inversão do plugue ineficaz como medida de segurança. Como comentamos em ANTENNA de janeiro, tomadas e plugues polarizados não são solução de segurança para rádios tipo CA/CC.