Modificar ou não modificar?

Tais circuitos necessitam de alto-falantes de impedância elevada, geralmente de 400 e 800 ohms, que não mais existem. A reparação das bobinas móveis de tais alto-falantes, caso sejam danificadas, não é viável. A solução é conseguir alto-falantes de alta impedância em sucatas. Outra possibilidade ─ caso a operacionalização seja necessária ─ é alterar a saída de áudio desses aparelhos, modificando-os para configurações tradicionais de saída simples ou ultralinear, por exemplo, com transformadores correspondentes e secundários para alto-falantes comuns de baixa impedância.

Uma outra possibilidade, se o circuito do amplificador original estiver perfeito, é instalar transformadores com primários de 400 ou 800 ohms, conforme for o caso, na antiga saída OTL, para casamento de impedâncias. Não esqueça de testar, para verificação de fugas em tensões de operação, os capacitores existentes nos circuitos antigos OTL. Muitas vezes eram eles os responsáveis pelos defeitos que aconteciam nos alto-falantes de alta impedância.

Aparelhos inseguros. Há uma enorme quantidade de receptores inseguros remanescentes no mercado. A partir da década de 1930, entidades como a UL, Underwriters Laboratories, começaram a estabelecer padrões de segurança, restringindo a comercialização e a produção de receptores tipo AC/DC (sem transformador, os populares “All-American Five”), nos Estados Unidos.

Mas foi apenas a partir da década de 1960 que a indústria eletrônica passou a padronizar, na maioria dos seus modelos, transformadores de força ou a adotar medidas de proteção como chassi com “aterramento flutuante”. Muitos receptores inseguros continuam sendo comercializados até hoje no mercado de usados.

No Brasil, o CDC, Código de Defesa do Consumidor proíbe a comercialização de produtos que coloquem em risco a segurança dos consumidores. Embora a regulamentação não seja específica para rádios antigos, uma eventual responsabilização pode recair, sim, sobre o vendedor, proprietário ou o profissional restaurador ─ caso o aparelho apresente risco não informado. Portanto, é prudente, no mínimo, que o restaurador ou vendedor, no caso de optar por preservar a integridade histórica do objeto, informe que se trata de um produto que oferece risco no uso.

Figura 4. Uma etiqueta ou plaqueta de advertência, informando sobre os riscos de rádios com o chassi “vivo”, é útil, mas nem sempre suficiente. O usuário precisa ser instruído sobre o risco de choques elétricos potencialmente fatais apresentados por certos modelos de radiorreceptores antigos. O aviso pode ser colocado em protetor de plástico e amarrado com barbante na tampa traseira ou no cabo de alimentação.

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