Modificar ou não modificar?

Figura 2. Quando é aceitável que um aparelho seja modificado? Por problema de segurança, quando oferecer risco ao usuário ─ e quando não houver um componente idêntico. Bons restauradores mantêm em estoque até cabos e plugues antigos, para substituição dos defeituosos, inseguros, buscando manter a originalidade do equipamento. ─ Foto: A. Triantafyllou.

Como se sabe, diversos modelos de rádios antigos são altamente perigosos e não cumprem as normas atuais sobre segurança. Rádios de baixo preço, sem transformador de força utilizavam o chassi como linha de retorno, diretamente conectado na rede elétrica. Tais receptores podem matar, caso os usuários toquem em partes metálicas do aparelho. Se for indispensável colocá-los em operação, equipamentos desse tipo precisarão ser modificados para a adoção de transformador de isolamento, por exemplo. O transformador de isolamento pode ser adaptado externamente.

O que fazer quando o componente a ser substituído não é mais fabricado? Às vezes a reparação não é mais possível: o componente a ser substituído não possui equivalente atual. Ou se aproveita um componente, em bom estado, de um outro aparelho da sucata, ou se modifica o circuito original. O importante é que a modificação não desfigure o aparelho a ser reparado. Nada de serrar chassi, fazer novas aberturas no gabinete e outros desatinos. Como já destacado, em restaurações as intervenções devem ser discretas, justificáveis tecnicamente e devem ser aprovadas pelo cliente. O mais importante: nas restaurações, as alterações idealmente devem ser reversíveis, ou seja, devem possibilitar o retorno às condições originais do aparelho, caso um dia um componente faltante, igual ao original, seja encontrado.

Figura 3. Um caso típico de componente não mais existente é o de alto-falantes de altas impedâncias, como os do circuito ao lado, adotados antigamente em certos modelos de topo da Philips e outros fabricantes. Não há soluções fáceis: ou se buscam alto-falantes iguais, de aparelhos doadores, ou se altera o circuito de saída original do aparelho. A propósito, não confundir: os transformadores que aparecem no esquema não são de saída. Cautela ao adquirir radiofonógrafos ofertados pela internet: modelos como o mostrado necessitam de bastante conhecimento e prática em circuitos valvulados para se tornarem operacionalizáveis novamente.

Um caso típico é o da substituição de alto-falantes especiais, como os de alta impedância. Em certa época, em aparelhos de topo, de elevado desempenho, alguns fabricantes adotaram circuitos tipo OTL, Output Transformerless, sem transformador de saída.

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