Ferrugens no chassi nem sempre são “marcas do tempo”: podem significar que o rádio antigo teve má conservação, teve contato com umidade ou foi usado desleixadamente. Um item histórico tem maior valor, como testemunho de uma época, se foi bem utilizado e conservado. Não são apenas as modificações que desvalorizam o objeto: a degradação do estado original de uma peça histórica, por mau uso, prejudica o seu valor documental.
Na restauração fiel são admitidos limpezas, polimentos e reparos usando materiais e métodos originais. Se o gabinete do aparelho tinha acabamento em goma laca, caso seja renovado com vernizes automotivos, por exemplo, o aspecto original do rádio possivelmente sofrerá alguma alteração, em termos de brilho e nos tons da madeira. Não será uma restauração fiel, será uma recuperação. Acabamentos no mobiliário em certos rádios antigos são quase uma tarefa para artistas na marcenaria.

Figura 11. Restaurações de rádios antigos podem requerer não apenas conhecimento sobre eletrônica valvulada, mas também habilidades em marcenaria, madeiras e acabamentos finos. Rádio Philco modelo 37-61B, de 1937: o que parece ser um acabamento em madeira rádica é uma requintada técnica de decalque de padrão fotográfico ─ de extrema dificuldade para ser replicada. Somente peças bem armazenadas e muito bem cuidadas conseguem chegar em condições tão esplendorosas na atualidade. O aparelho utiliza as válvulas 6A8G, 6K7G, 6Q7G, 6F6G e 5Y4G. Observação: funciona em 115 V ─ para a operação de receptores projetados para 110 ou 115V nas redes atuais do sistema brasileiro, cuja tensão pode chegar a até 133V, é recomendável o uso de transformador abaixador. O belíssimo exemplar mostrado é também do acervo de Andreas Triantafyllou.