MEMÓRIA – O Capyau

Em nenhum deles, entretanto, ele deixa transparecer ou explicita suas preferências pessoais, que não aquelas referentes ao radioamadorismo e ao seu estilo de vida campestre, curtindo a natureza e dedicado à sua família.

Isso permaneceu, para nós, leitores, limitado a essas características da vida do Capyau.

E, racionais que somos, tal qual o Horácio da peça de Shakespeare, esse detalhe nunca nos chamou atenção. O que importava era a qualidade da informação, e não a vida pessoal do autor, o que hoje em dia, para boa parte dos veículos de comunicação, parece ser mais importante mostrar do que a obra das pessoas, nos vários campos da vida social. É uma pena…

Pois bem, no começo deste mês de setembro, ao iniciar-se a organização (mental) da edição de Antenna, lembramo-nos, assim, do nada, do Capyau e de como eram bonitos e interessantes seus textos e suas ilustrações (ele era, também, um bom desenhista). Isso nos veio à mente de graça, junto com a lembrança de uma discussão, na Internet,  sobre se ele havia trabalhado, ou não, no Banco do Brasil, conforme um texto publicado pelo nosso colaborador Ademir – PT9HP.

Decidimos escrever um artigo para que os novos leitores conhecessem seus trabalhos e, de quebra, levantar alguns pontos da pessoa “Capyau”, como também, talvez, esclarecer esse ponto da vida dele, pré-aposentadoria.

Para tanto, entramos em contato com a Sra. Beatriz Affonso Penna, que não só o conheceu, mas conviveu com ele e com a sua família no sítio em que residia.

A Sra. Beatriz nos forneceu bons detalhes e dados sobre ele, e conseguiu o contato da filha do Capyau, Sra. Mirue Hashiura, com quem trocamos muitas outras informações, também.

Dentre as quais, a de que ele era uma pessoa mística, que entendia que o mundo não era apenas esse ambiente físico, e racional, que habitamos. Como Hamlet, ele acreditava que há mistérios, e que nunca saberemos de tudo, completamente.

Nessa troca de informações, aprendemos que ele nunca foi bancário.

Mas aprendemos também que sua data de nascimento foi 20 de setembro de 1924… sim, neste mês, em data próxima da publicação de Antenna, normalmente em torno do dia 15, revista da qual ele tanto gostava e com a qual tanto colaborou, ponto comum de seu amigo editor e de seus familiares, de colaboradores e de leitores, como eu.

Ou seja, de alguma forma, talvez, nosso querido Capyau, esteja onde estiver, tenha ficado com saudades, e tenha lembrado a este escriba, por vias misteriosas, que neste mês podemos comemorar o centenário de seu nascimento… é o que faremos.

Assim, com a preciosa e gentil ajuda da Sra. Beatriz Affonso Penna e da Sra. Mirue Hashiura (miruehashiuradearaujo@gmail.com), escreveremos, um pouco, sobre a vida, prolífica, do Capyau.

2 comentários sobre “MEMÓRIA – O Capyau”

  1. SD fonseca24 de setembro de 2024 às 3:40 PMResponder

    Saudades do Capyau…tenho ainda as revistas em que eles nos divertia e ensinava diligentemente com seus artigos soberbos – aquela do brasmissor movido a feijão e com SSB de pedal foi simplesmente um show à parte.

  2. Robert Santos29 de setembro de 2024 às 2:36 AMResponder

    Bons tempos… comecei lendo Eletrônica Popular e Antenna por volta de 1975, eu era autodidata ainda, tempos depois estava na escola técnica de Eletrônica ( Escola Técnica de Cîências Eletrônicas do Ibratel ) fui aluno do Professor Sérgio Starling ( (lamentavelmente falecido ) li o artigo ” As aventuras e desventuras de um Radioamador na Roça ” , até hoje lembro das histórias, eu me divertia muito e aprendia muito com os artigos do saudoso Miécio, suas histórias eram muito ricas em detalhes, seus desenhos, fotos, incrível, um verdadeiro Radioamador. Também me tornei Radioamador na mesma época. Mas, o tempo passou, Gilberto Affonso ( PY1AFA) e muitos outros que tanto contribuíram para EP e Antenna já nos deixaram. Realmente os tempos mudaram, tudo passou muito rápido. Fico feliz ao ver que Vovó Antenna tenha retornado há algum tempo, aprendi muito lendo as páginas de ambas revistas ( ainda possuo as revistas quando eram revistas separadas ) agora, falta pouco para completar 100 anos. A primeira e a única revista de Eletrônica sobrevivente no Brasil. Espero ver a edição de abril de 2026 comemorando o centenário. A nova geração precisa saber da existência da Revista Antenna.

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