Memória – Nicolau Morozoff

Durante este período saudoso e inesquecível para o radioamadorismo carioca, Morozoff fora um incansável militante. Subia o Sumaré para labutar nas repetidoras e atendia os colegas em sua oficina, tanto na manutenção quando no desenvolvimento de projetos.

Voltando um pouquinho, ainda no final da década de 1970, Morozoff teve a ideia projetar e fabricar fontes para radioamadorismo. Eram 3 modelos: 10, 20 e 40 Ampères. Construção de fundo de quintal mas com acabamento de 1ª linha. Possuía um robusto sistema de proteção, fornecia com folga a potência que prometia, e não queimava. Eram realmente fontes muito especiais. Os modelos de 20 e 40 ampères vinham com instrumentos que indicavam a tensão e o a corrente consumida. Os transformadores eram fabricados sob medida, mediante suas rigorosas exigências.

Já na década de 1980, PY1EQS iniciou a construção de repetidoras. O mesmo empresário que estampava os gabinetes das fontes de alimentação passou a fornecer belíssimos gabinetes para este fim. As repetidoras eram igualmente fabricadas artesanalmente, mas seu esmero fazia das mesmas excelentes equipamentos, dignos de fazer frente aos importados. Nesta mesma época, alguns clientes mais abonados encomendavam os “phone patch” para seus veículos ou uso portátil mediante HT.

Sim, para se ter um telefone portátil de longo alcance (longo para a época, porém bastante limitado), era necessário uma repetidora no morro (geralmente Sumaré, Mendanha ou Morin), com seu sistema irradiante colinear, filtro de cavidade, fonte, baterias e mais um rádio transceptor em casa, conectado “full time” à linha telefônica da antiga CETEL, mediante um phone patch. As repetidoras eram acionadas por rádios móveis em VHF geralmente. Haviam inclusive senhas, que eram digitadas na “purrinhola” do mike para liberar a linha.

Fabricação de fontes, repetidoras, manutenção de transceptores e lineares e até transcodificação de ATARI e Vídeo K7 de NTSC para o sistema PAL-M, tudo isso ao mesmo tempo em que trabalhava na distante INDUCO (Morozoff, ainda na década de 1970, deixou a matriz de São Cristóvão, na Rua Fonseca Teles, 114 e passou a fazer parte da equipe da fábrica de Paciência, e, no finalzinho de sua carreira nesta empresa, ocupou uma cadeira na filial da Av. Beira Mar.

5 comentários sobre “Memória – Nicolau Morozoff”

  1. Ademir Machado14 de junho de 2024 às 9:28 AMResponder

    Linda história! Não conhecia a trajetória de vida e nas telecomunicações do Morozoff.

  2. Luis Morozoff14 de junho de 2024 às 11:58 AMResponder

    Muito agradecido pela oportunidade de divulgar esta história. Um fraternal abraço. 73 PU1MAT

    1. David Loos12 de julho de 2024 às 11:58 AMResponder

      Linda história!

      TFA, PP5WLU.

  3. Tadeu Boechat14 de setembro de 2024 às 11:10 AMResponder

    Trabalhamos juntos na Induco, nos anos 80 (sai da Induco em 84).
    Fizemos juntos o start-up de duas turbinas/geradores da Kongsberg na estação da Telesp em Alphaville SP, e foi muito divertido.
    Um dia fomos a um show de tango em um teatro no centro de SP, assistir ao famoso Astor Piazolla tocando seu bandoneon! Tomamos uns bons canecos de chopp, juntos!
    Bons tempos e uma ótima companhia!

  4. HENRIQUE DA COSTA15 de setembro de 2024 às 9:32 PMResponder

    Também trabalhei na INDUCO entre 1980 e1987. Pouco contato tinha com o Morozoff, entretanto, certa feita resolvi com ele um problema no pickup de um gerador de energia.

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