Com um rascunho do conceito, o desenho final coube à equipe de design industrial e a Ed Liljenwall, que estava na HP há uma década, nessa função, projetar um gabinete para acomodar os circuitos. Neste projeto, ao contrário do usual na HP, a forma estava dada, e o conteúdo teria que se adaptar a ela.
O gabinete foi desenhado em forma de cunha com face e laterais curvas. Com bordas alargadas, o dispositivo parecia mais fino do que realmente era, com tela inclinada e outras novidades que o tornaram um padrão para calculadoras, e que duraria décadas.
O mostrador utilizou LEDs da própria HP, mas o seu preço unitário era de 5 dólares, e seriam necessárias 15 unidades. A solução foi encomendar, da própria empresa, volumes em larga escala. Encomendando 750.000 peças, Osborne conseguiu reduzir o preço a um dólar a unidade.
Finalmente, a fonte de alimentação miniaturizada, capaz de alimentar a calculadora por três horas, foi projetada por Chu Yen, do HP Labs. Para reduzir custos, a empresa fez um dos maiores pedidos de baterias já recebidos, até então, pela Union Carbide e pela General Electric.
Em meados de 1971, já com o projeto dos CIs finalizado com a Mostek e a AMI, em agosto eles tinham um dispositivo funcional e, no fim do ano, estavam construindo protótipos na Divisão de Produtos Avançados, em Cupertino.
O projeto inteiro levou 14 meses, metade do ciclo de design típico da HP. Quando Bill Hewlett recebeu o primeiro protótipo, ele simplesmente disse: “Já era hora, eu estava esperando por isso”. O nome da calculadora foi escolhido por Hewlett, e correspondia às 35 teclas do dispositivo. E ela não era barata: o chipset custava mais de 100 dólares, o conjunto do display cerca de 20 dólares, e ainda havia uma caixa de plástico injetada, botões de injeção dupla, placas de circuito folheadas a ouro e baterias personalizadas.
O pessoal da contabilidade balizou o preço final de venda em 395 dólares, caríssimo em relação às calculadoras mais simples e às réguas de cálculo e, mesmo assim, teriam que vender de 10.000 máquinas para cima, sendo esse limite inferior o número de máquinas que daria o ponto de equilíbrio do produto.
Para reduzir os intermediários, e o preço final de um produto com baixa margem de lucro, a HP fez algo que também era novidade para a empresa: vendeu a HP-35 diretamente pelo correio, por meio de anúncios em jornais e revistas populares, bem como em lojas de varejo.
Para uma empresa de produtos científicos e de alta tecnologia, com nichos específicos e vendedores especializados, foi uma revolução. Ainda assim, era um “tiro no escuro”: ninguém na HP tinha a menor ideia de qual seria o volume de vendas. O anúncio oficial da HP-35 foi feito em 4 de janeiro de 1972, em uma coletiva de imprensa no Saint Regis Hotel, em Nova York.