Espelho meu, existe circuito mais bonito do que eu?

Como funciona um espelho de corrente com BJT

Postas estas observações de caráter prático, que você, geralmente, não encontra nos livros, voltemos à teoria que também é importante.

Existem várias maneiras de se responder à pergunta, 1 que ficou pendente, mas, no fundo, todas chegam, de um jeito ou de outro, as mesmas conclusões.

Vamos começar analisando e calculando as correntes no circuito da fig.1.

A corrente de entrada IR chega ao nó A após passar por R ligada ao coletor de Q1 e também chega às bases de Q1 e Q2 (linha vermelha da fig.1).

Temos como premissa que hFE1 = hFE2 e VBE1 = VBE2 uma vez que os dois transistores são exatamente iguais e, portanto podemos assumir IB1 = IB2 que, a partir de agora, chamaremos apenas de IB.

Da fig. 1 podemos concluir facilmente a seguinte equação:

IR = IC1 + 2IB       (Eq.1)

Sabemos que nos BJT que hFE = IC/IB que, com uma “cambalhota” algébrica, pode ser escrita assim: IB = IC / hFE; então, podemos reescrever a Eq. 1 como mostrado na Eq.2 pois, como os dois transistores são iguais, IC1 = IC2, que representaremos por IC.

IR = IC + 2 IC / hFE    (Eq.2)  ou

IR = IC (1 + 2 / hFE)   (Eq.3)

Como hFE >> 2 podemos desprezar 2 / hFE na Eq.3 e concluímos que IC  IR, portanto a corrente na carga pode ser considerada uma cópia da corrente em R.

Assim, se a corrente na entrada variar, a corrente na carga a seguirá.

Ah! Um detalhe importante: reparou que as tesões VCC1 e VCC2 não entraram nas contas?

Isso torna o circuito espelho de corrente imune a variações da tensão de alimentação e podemos ter VCC1 = VCC2 que também vai funcionar.

Demonstração prática

Na fig. 2 temos um circuito que eu sugiro que você monte numa protoboard para verificar como funciona.

Fig. 2 – Circuito para demonstrar como funciona um espelho de corrente

Os miliamperímetros M1 e M2 são digitais para melhor acurácia na leitura da corrente em cada braço do circuito.

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