Dicas e Diagramas XXXI

Como sabem os veteranos já calejados, não é somente na tensão, mas principalmente na intensidade da corrente (mA) que está o grande perigo dos choques elétricos. A intensidade da corrente variará conforme a resistência ôhmica da pele do indivíduo, se há ou não suor, se há presença de umidade no piso ─ tudo depende da pessoa e do ambiente.

Com correntes de 15 a 100 miliamperes já pode haver paralisia e dificuldade respiratória. Correntes de cerca de 50 miliamperes podem causar fibrilação ventricular (arritmia cardíaca), dependendo do indivíduo, da espessura da pele etc. Correntes de 5 a 15 mA podem causar contrações musculares involuntárias: mesmo talvez não representando risco à vida, a pessoa pode ter dificuldade em se livrar do objeto causador da concussão.

A Norma Brasileira de Instalações Elétricas ─ ABNT NBT 5410, definiu a obrigatoriedade, desde 1997, de interruptores diferenciais, DRs, de alta sensibilidade, menor ou igual a 30 mA, para proteção das pessoas contra os perigos dos choques elétricos que podem ser fatais, especialmente em ambientes úmidos e exteriores.

Não confie apenas em “tomadas polarizadas”. Ligar o condutor de neutro, através de tomada polarizada ao chassi de um rádio antigo, não afasta o risco de choque. O neutro é zero volt apenas em condições ideais. Neutro pode dar choque, existe sempre a possibilidade de haver tensão entre o neutro e o terra (PE). Há inúmeros casos de ocorrências de falhas no neutro. Aterrar o chassi de rádio antigo, sem transformador, como já exaustivamente comentado em ANTENNA, é perigoso.

Confira se há tensão entre o neutro e um bom terra: deve ser de zero volt. A leitura deve ser feita de preferência com voltímetro que tenha a função de pico (“peak“). Há enorme quantidade de sujeira presente na linha de CA, com transientes perigosos percorrendo também o condutor de retorno ou neutro. Se houver leitura igual ou superior a 1 V entre o neutro e terra, há fuga potencialmente perigosa de corrente. Essa fuga pode ser no aparelho (capacitores na entrada de CA, por exemplo), pode ser defeito na instalação elétrica (cabos de alimentação com má isolação), conexões mal feitas, etc.

Figura 3. Um interruptor diferencial-residual, de proteção contra correntes de fugas (Steck, à direita), tetrapolar (3P + N), acoplado a um disjuntor trifásico para atuação contra curtos-circuitos e/ou sobrecargas (MarGirius, à esquerda). Os dispositivos diferenciais-residuais possuem um botão de teste, marcado “T”, que deve ser acionado semestralmente (ou em intervalos menores), para verificação do funcionamento.

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