Em receptores tipo CA/CC (em inglês AC/DC), ou seja, sem transformador de alimentação ─ erroneamente denominados de “rabos-quentes” ─ baixos valores de resistência podem indicar fuga ou curto no capacitor entre o “vivo” da rede e o chassi ou, o que é pior, projeto deficiente: são muitos os receptores antigos, principalmente anteriores à década de 1950, cujo chassi, como mencionado, funcionava como linha de “retorno”, estando conectado diretamente à rede elétrica.
Tais receptores foram tendo a sua fabricação gradativamente restringida, por imposição de entidades de normas técnicas. Estes rádios altamente perigosos, por causa do risco de choques elétricos fatais, infelizmente continuam sendo usados imprudentemente. Para colocá-los em funcionamento, com segurança, isso somente poderia ser feito através de um transformador isolador externo ou com modificações no circuito original.
Figura 6. Transformadores de isolamento, como o da fotografia, são importantes, por segurança, para operação e serviços em receptores valvulados tipo CA/CC, também chamados “duas correntes”, “rabos-quentes” ou de “alimentação universal”. O transformador protege o usuário contra o risco de choques no contato acidental com o chassi ou outras partes metálicas do receptor. A lâmpada-série é usada nos testes na bancada de reparações, como limitadora de corrente e proteção contra curtos-circuitos, evitando danos permanentes ao aparelho. Mais detalhes sobre o transformador de isolamento e sobre a lâmpada-série no texto.
O transformador de isolamento proporciona uma “separação” galvânica entre o lado da rede elétrica e o lado dos circuitos do receptor, tornando-o mais seguro ao usuário. Como é um componente de segurança, crítico, não deve ser improvisado com gambiarras tipo “dois transformadores de 9 V, da sucata, ligados um de costas para o outro”. Transformadores comuns não são construídos para esta aplicação. Apresentarão perdas significativas e não garantirão a indispensável segurança na função de isolamento.
Transformadores de isolamento exigem construção sob especificações de segurança. A corrente de fuga máxima admissível é uma das mais críticas. Para aplicações hospitalares, em circuitos médicos de contato com o paciente, por exemplo, nos transformadores de isolamento a corrente de fuga secundária máxima permitida (do transformador para o equipamento) é ≤ 50 µA. Apenas para comparação: os atuais IDRs, interruptores diferenciais residenciais, usados nas instalações domiciliares, como proteção contra choques, atuam em 30 mA, uma corrente de fuga 600 vezes maior.
Otima materia
Grato, colega Pedro. É uma honta e uma grande satisfação encotrá-lo entre os leitores de ANTENNA. Mantenha contato!
Obrigado pelo artigo! muito fácil de ler e muito instrutivo. Faço reparo em rádios antigos aqui no RS, uso um Trafo de isolamento de 400VA, italiano, ganhei de um equipamento medico condenado, é pesado! Já fiz compras com a Schatz, sinceramente… são transformadores EXCELENTES. Continue com os artigos de dicas de reparações, ajustes e etc…. ajuda muito e estamos sempre apreendendo ainda mais de pessoal experientes como o senhor!
Obrigado! Feliz 2025