Poucos se preocupam em cuidar se a colocação em funcionamento do aparelho antigo será também capaz de proporcionar a máxima durabilidade de componentes como as válvulas. Muitas destas válvulas podem ser raras e estar já desgastadas, com a vida útil comprometida, como veremos adiante.
É responsabilidade do bom profissional ─ principalmente nos circuitos com as críticas válvulas de 1,4 V ─ conferir se o seu regime de operação representará também o melhor compromisso entre o bom funcionamento e a maior vida útil do componente.
Com válvulas de 1,4 V, confira sempre as tensões de filamento diretamente nos pinos do soquete. Muito defendem que esta verificação seja feita com multímetro true-RMS. Obviamente isso só será útil para as válvulas alimentadas, por tensão alternada, mas é preciso cuidado: alguns multímetros digitais true-RMS são afetados por picos e “sujeiras” presentes na rede.
Preferimos utilizar voltímetros de CA ou CC, de ponteiro, que tenham escala baixa de tensões e boa precisão, alimentado por apenas uma pilha AA de 1,5V, por segurança. Voltímetros que operam com tensões elevadas podem danificar os frágeis filamentos de válvulas de 1,4 V.
Por que válvulas de 1,4 V? Para mínimos consumos de filamentos na operação com pilhas ou baterias, muitos receptores desse tipo adotavam válvulas de aquecimento direto. Nas válvulas de aquecimento direto, como se sabe, o próprio filamento tem a função de catodo emissor dos elétrons.
Nas válvulas de aquecimento indireto, a maioria, a emissão ocorre no calefator. Neste tipo o filamento revestido por um óxido isolante como alumina, envolto por um tubo, aquece o metal que funciona como catodo ─ o responsável pela emissão de elétrons.
O termo “calefator” não é a denominação arcaica de “filamento”. São coisas diferentes. Como está nos compêndios de válvulas, o termo filamento é o mais apropriado ao elemento emissor nas válvulas de aquecimento direto. O termo calefator indica válvulas de aquecimento indireto (filamento mais o eletrodo que, aquecido, funciona como catodo).
As válvulas de aquecimento direto foram paulatinamente aperfeiçoadas para operação com pilhas secas e baterias. Com filamentos de baixa tensão e ligas de tungstênio com menores massas metálicas, funcionando em menores temperaturas, conseguiam apresentar boa emissão com menor consumo. Em contraposição, seus filamentos eram relativamente mais frágeis.
Num receptor antigo para operação com bateria de 6 volts, com válvulas comuns de 6,3 volts de aquecimento indireto, a maior parte do consumo de corrente é gasta no aquecimento dos calefatores.
Num receptor de cinco válvulas, o consumo dos calefatores podia passar de 2 A/h. Com válvulas de aquecimento direto (v. figuras 6 e 7) o consumo total podia ser bem menor, em torno de 300 mA, dependendo do tipo de receptor.