O rádio Philips 697 VN é muito semelhante ao Philips 436 NA, para 110-245 V, inclusive no gabinete e no mostrador (“dial”). Infelizmente a maioria dos receptores dessa época não possuía documentação técnica. Esquemas de alguns modelos eram quase impossíveis de serem encontrados.
Por empenho da revista Antenna, na época, conseguiram-se cópias de “Notas de Serviço” e diagramas esquemáticos, através da Philips brasileira, dos receptores “fabricados na América” modelos 520 A, 814 NA e 814 HN, além do modelo 592 LN, por exemplo. A referida documentação técnica foi publicada nas edições de fevereiro de 1951 (rádio 592 LN), março de 1953 (520 A) e maio de 1953 (modelos 814 AM e 814 HN) de Antenna.
Um lembrete: a documentação do Philips 592 LN e outros também está disponível no acervo do colega Manorc: http://www.manorc.com.br/inicial_r_antigos.html .
Alguns pesquisadores apontam que os rádios Philips podem ter sido produzidos na fábrica da General Electric em Long Island, Nova Iorque. É possível. Como já relatamos em outra ocasião, quando a Holanda foi invadida em 1940 e a fábrica tomada pelas tropas nazistas, a família Philips refugiou-se na Inglaterra ─ e depois rumou para os Estados Unidos. Nos Estados Unidos Anton Philips foi muito bem recebido por S. Swope, presidente da General Electric Company, GEC, empresa com a qual a Philips já mantinha negócios. A General Electric teve também participação (algumas fontes mencionam de 10%) no capital da North American Philips Company.
Infelizmente o próprio Museu da Philips, em Eindhoven, na Holanda, não dispõe de informações sobre os aparelhos Philips “made in USA”, com válvulas de séries americanas. Quando inquirido pelo site “Antique Radios” a respeito dos misteriosos receptores Philips da década de 1940 feitos nos Estados Unidos, respondeu:
─ We forwarded to our archives […] North American Philips Company did not produce any radios in the USA during the 40’s. ─ (Peter Friesen, Collectie & Tentoonstellingen, Philips Museum, Eindhoven).
É uma pena. De Vliegende Hollander (O holandês voador), que serviu de inspiração para a ópera de mesmo nome, composta por Richard Wagner, trata de um lendário navio-fantasma destinado a vagar pelos mares até o final dos tempos.
Os “holandeses voadores” feitos nos Estados Unidos foram receptores de estupenda qualidade e rendimento. Mesmo em meio às grandes dificuldades dos tempos da guerra, conseguiram reunir o que havia de melhor na técnica e na arte dos receptores valvulados daqueles tempos. No Brasil os receptores Philips “Made in USA” prestaram ótimos serviços, em especial nas localidades rurais: possuíam excelente desempenho, ótima sensibilidade e seletividade. Vários deles podiam funcionar com baterias: foram essenciais onde o suprimento de energia elétrica era precário ou não existia. Possibilitaram que as famílias do interior tivessem contato com o mundo. Possamos nós todos, aficionados dos receptores antigos, reunir os retalhos possíveis de informações sobre esses memoráveis errantes e retorná-los a um bom porto, no lugar de destaque que merecem.
Lido com aparelhos desde meus 12 anos – tenho 69 e nunca havia lido algo pratico sobre interpretar esse codigo…
Quanto aos radios Philips, mesmo sendo fa da marca – trabalhei na rede autorizada – nao considero estes – por serem produzidos nos EUA e usando valvulas octais – superiores aos originais holandeses e Mullard ingleses, que usaram valvulas loktal ou ate as rimlock…
Grato, colega Carlos Henrique. Eram tempos de guerra e de pós-guerra. Como informado no texto, quando a fábrica Philips na Holanda foi tomada pelas tropas nazistas, a empresa passou a produzir válvulas e receptores em outros países, como nos EUA, para exportação. Foi uma das poucas a produzir receptores domésticos nesse período, nos EUA. Alguns destes aparelhos chegaram ao Brasil, por importação direta ou via Argentina. Em nosso país foi restrita até a publicação de esquemas europeus na época da guerra. Éramos, em nossa família, da rede de assistência técnica da Philco americana (desde antes de 1940) e também da Philips. Pela nossa experiência, os misteriosos Philips “Made in USA”, com válvulas de tipos americanos, foram aparelhos de excelente rendimento, principalmente os para uso no campo, operando a bateria e vibrador. Muito do bom desempenho se deveu, além de bons projetos, provavelmente às válvulas. Sabe-se que a própria Philips fabricou muitas válvulas de séries americanas.