Já entre 1923 e 1925, a Philips produziu válvulas com designações americanas em Eindhoven, na Holanda. Em 1927 lança o primeiro rádio. Em 1932 alcançou as marcas de mais de um milhão de receptores e mais de 100 milhões de válvulas vendidos. No final de 1930 a Philips contava já com 30 mil funcionários, um terço dos quais fora da Holanda. Para dar conta do crescimento extraordinário, que a transformaria em uma gigantesca produtora de receptores de rádio e líder em eletrônica, a indústria começou a abrir filiais em vários pontos do globo.
Em 1933 a Philips estabeleceu uma base de operações em Andover, Massachussets, mantendo também escritórios em Nova Iorque. Era o início da NAPC, North American Philips Company. Em 1945 foram abertas novas fábricas da empresa em Dobbs Ferry e Mount Vernon, em Nova Iorque, bem como em Lewinston, no Maine. Naquela localidade assumiu a American Electro Metal Corporation, produtora de barras de molibdênio e tungstênio, matérias primas necessárias para a fabricação de válvulas termiônicas. Em Irvington, New York, implantou em 1944 um laboratório de pesquisas. As pesquisas para o desenvolvimento de novas técnicas e produtos foram sempre os grandes diferenciais da indústria. Compra, também em 1944, a Amperex, que era fornecedora de válvulas para a Marinha e o Exército dos E.U.A. Anos depois a North America Philips Company, NAPC, adquiriu a Philco, a Crosley e a Sylvania, transformando-se posteriormente em Norelco.
Os rádios Philips fabricados nos Estados Unidos podem ter se originado em qualquer uma das fábricas mencionadas, não se sabe ao certo qual. A Philips também produziu rádios com válvulas de tipos americanos e europeus na Philips Industries Limited, em Montreal, e na Philips Electronics Industries Ltd., de Toronto, Canadá. Alguns modelos de receptores Philips podem ter se originado lá. Há também rádios General Electric, americanos, idênticos aos da Philips, no chassi e nas válvulas ─ o que denota que teria ocorrido uma forma de parceria entre a GE e a Philips.
Os rádios da North American Philips continuam misteriosos até hoje. Há escassa documentação técnica a respeito desses aparelhos. São muitos os colecionadores e restauradores que ficam surpresos em saber que houve vários rádios Philips “Made in USA”. Embora desconhecidos, em sua maioria, foi uma produção numerosa: há quase 40 modelos de Philips americanos já catalogados. A maioria é do tempo da Segunda Guerra e do pós-guerra. Sabe-se que eram destinados à exportação ─ provavelmente por pressões de empresas poderosas como a RCA, preocupada em não facilitar a abertura do mercado americano para empresas concorrentes.
A Philips auxiliou no esforço de guerra, produzindo válvulas e equipamentos, enquanto as outras indústrias diminuíram ou até pararam a fabricação de receptores para uso doméstico. Assim mesmo a Philips era encarada com desconfiança pelos concorrentes e pelo comitê antitruste do Senado. Talvez seja esta uma das razões dos rádios Philips dos Estados Unidos terem pouca documentação técnica disponível: esquemas são difíceis de encontrar. Aqui no Brasil, os reparadores tinham que ir aos escritórios regionais da indústria e copiar a documentação técnica à mão, sob compromisso de sigilo. Não havia máquinas reprográficas. Os esquemas copiados não podiam ser entregues para terceiros.
Lido com aparelhos desde meus 12 anos – tenho 69 e nunca havia lido algo pratico sobre interpretar esse codigo…
Quanto aos radios Philips, mesmo sendo fa da marca – trabalhei na rede autorizada – nao considero estes – por serem produzidos nos EUA e usando valvulas octais – superiores aos originais holandeses e Mullard ingleses, que usaram valvulas loktal ou ate as rimlock…
Grato, colega Carlos Henrique. Eram tempos de guerra e de pós-guerra. Como informado no texto, quando a fábrica Philips na Holanda foi tomada pelas tropas nazistas, a empresa passou a produzir válvulas e receptores em outros países, como nos EUA, para exportação. Foi uma das poucas a produzir receptores domésticos nesse período, nos EUA. Alguns destes aparelhos chegaram ao Brasil, por importação direta ou via Argentina. Em nosso país foi restrita até a publicação de esquemas europeus na época da guerra. Éramos, em nossa família, da rede de assistência técnica da Philco americana (desde antes de 1940) e também da Philips. Pela nossa experiência, os misteriosos Philips “Made in USA”, com válvulas de tipos americanos, foram aparelhos de excelente rendimento, principalmente os para uso no campo, operando a bateria e vibrador. Muito do bom desempenho se deveu, além de bons projetos, provavelmente às válvulas. Sabe-se que a própria Philips fabricou muitas válvulas de séries americanas.