Determinação do Tipo de Núcleo de Toroides Desconhecidos

Ambiguidade da medida de permeabilidade

Só para ilustrar o “drama”: considerando-se apenas a Figura 2, qual material poderia ser o núcleo se a permeabilidade calculada fosse de 2020??

Acresça-se a essa ambiguidade o fato de as permeabilidades terem tolerâncias de ± 5% a ± 25%, o que “sobrepõe” ainda mais as possibilidades do material em potencial. O site do fabricante Fair Rite (https://www.fair-rite.com/determining-the-material-of-a-ferrite-core/, acessado em 27 de fevereiro de 2023) na sua Conclusão tem o seguinte trecho que resume bem o estado das coisas, sendo que a proposta deles na continuação seria enviar uma amostra para eles testarem…

A permeabilidade inicial e a estimativa aproximada da permeabilidade dará uma boa estimação do material de que um núcleo de ferrite é feito. Ocasionalmente, mais de um material atenderá às características medidas. Para se distinguir entre eles, características secundárias como perdas de potência, densidade de fluxo de saturação, temperatura de Curie, e muitas outras têm que ser examinadas para diferenciar. Essas características geralmente requerem equipamento e procedimentos de teste mais especializados para efetuar essas medidas.

No caso de ferritas cujo emprego em vista seja em frequências de RF, especialmente HF em diante, vale a pena ter certeza que a permeabilidade na frequência de trabalho será adequada, e o mais importante lembrar que a indutância medida em baixa frequência pode “inflar” o valor e o colega por excesso de zelo pode tentar “corrigir” retirando espiras e depois achando que o toroide “não presta”…

Em ambientes com acesso a mais instrumentação outros ensaios podem ser realizados para discriminar melhor o material, mas para o laboratório do radioamador “típico” essas medidas podem ser inatingíveis. Lamentavelmente para as ferritas outras características físicas de fácil exame, como por exemplo a densidade do material não nos ajuda pois todas as misturas que interessam ao rádio têm valores muito próximos, as tentativas de ver se o núcleo tem resistência baixa ou não tampouco são conclusivas, por isso o melhor a fazer é buscar as características terciarias como acabamento, o máximo de informação sobre procedência etc.

Referências

[1] Keysight. Impedance Measurement Handbook. A Guide to Measurement Technology and Techniques, 6th edition, 2020.

[2] H. W. Silver, editor. The ARRL Handbook. American Radio Relay League, Inc., 2014.

[3] Frederick Emmons Terman. Radio Engineers’ Handbook. McGraw-Hill Book Company, Inc., New York and London, first edition, 1943.

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