Novamente, fazendo as contas de trás para frente, sabemos que podemos utilizar somente 1083mm2/3 = 361mm2.
Dividindo-se 629mm2 por 361mm2, teríamos que aumentar nossa densidade de corrente de 3A/mm2 para 3A/mm2 x (629/361) ≈ 5,2A/mm2, ou seja, o fio primário teria que ter (3,5A/5,2A/mm2) ≈ 0,67mm2 e o mais próximo seria o 19AWG e o secundário seria de (6,6A/5,2A/mm2) ≈ 1,27mm2 ,o que equivale à bitola 17AWG. Essas bitolas consideram a área do fio com o isolamento, então, a densidade de corrente real será um pouco maior.
E aí, novamente, o leitor poderá questionar o que ocorre com o transformador se a densidade de corrente for maior. A resposta é que ele vai ficar menos eficiente, ter uma regulação pior e, com certeza, esquentará mais, especialmente quando em uso contínuo à potência máxima, que é uma das condições de nossos testes.
Na verdade, as densidades de corrente utilizadas nos livros textos baseiam-se, principalmente, na perda de energia, na forma de calor, que o transformador pode suportar. Ele tem um limite de temperatura de trabalho, como todo componente elétrico.
Transformadores convencionais diminuem sua capacidade de transferir calor para o ambiente conforme seu tamanho aumenta, de forma não linear. Daí as tabelas mostrarem valores menores de densidade de corrente admissíveis para potências maiores.
A forma correta de se calcular esse transformador seria, de acordo com Martignoni, com base na área ocupada da janela do núcleo para a densidade de corrente de 2,5A/mm2, que é de aproximadamente 750mm2, escolher um núcleo cuja área de janela fosse igual a 3 vezes este valor, no mínimo. De nossa experiência, para enrolamentos manuais, o fator 3 deixa o enrolamento ainda bastante justo.
Mas não temos escolha, pois o núcleo está dado, e vamos levar isso em conta na performance do Ultrarraiende. Em verdade, isso não será grande problema, pois o projeto original prevê o uso apenas em 8Ω para essa tensão de alimentação. O teste em 4Ω será um “bônus”, por assim dizer e, mesmo assim, em regime musical normal, o transformador seria bastante adequado, mesmo com esta última impedância.
O Mercado Livre ajudou; nosso colaborador João Yazbek me mandou o carretel de 38mm por 75mm necessário para o enrolamento da bobina do transformador. Numa visita a uma loja que vende material para enrolamento de motores conseguimos o fio de cobre e os poliésteres para o enrolamento. Com isto, uma vantagem e uma desvantagem: o fio para motores usa isolante mais grosso que o de transformadores convencionais monofásicos, para temperaturas maiores, o que é bom, mas torna o enrolamento mais “apertado” ainda…
Show de bola, aguardando mais….