Construa o Ultrarraiende – Parte II

Com isso, após algum estudo e muito trabalho manual, consegui fabricar um transformador adequado para alimentar o amplificador, com carga de 8Ω. Não me lembro mais o que fiz com ele. Todos os transformadores adquiridos foram reaproveitados para a confecção de amplificadores de potência, na época.

Voltando à nossa fonte

Feita essa digressão, vamos voltar ao nosso projeto.

No artigo do professor Paulo Brites, temos alguns macetes para, a partir das dimensões de um núcleo de transformador, sabermos quantos VA podemos obter dele. O professor fez manipulações inteligentes das fórmulas constantes do livro do Martignoni e uma delas, particularmente, nos interessa:

Sabida a secção magnética de um núcleo, Sm, em cm2, a potência aproximada que podemos transformar nele, em frequências de 60Hz, é Psec = 1,066 x (Sm)2.

Com essa fórmula na cabeça, uma pequena busca em nossa sucata nos mostrou alguns restos de transformadores, inclusive chapas daqueles Willkason (por sinal, com a metade da espessura das chapas atuais) que seriam candidatos à “ressureição”, para uso no Ultrarraiende.

Encontrei tampas e um carretel plástico de 63mm de empilhamento, além de uns 20mm de chapas EI de 38mm de perna central, e que poderiam ser utilizadas. Uma conta simples, com 5% de perda de área mostrou que um transformador utilizando este carretel poderia entregar uma potência secundária de 1,066x(6,3×3,8×0,95)2, o que dá aproximadamente 550VA. Um carretel deste tamanho foi o que eu utilizei para fazer o transformador há quarenta anos atrás. Ele seria adequado para o uso em 8Ω… mas, para uso em 4Ω, sem redução da tensão como preconizado pela RCA no datasheet, seria insuficiente para uso contínuo, pois a potência de saída poderia chegar, facilmente, nesta condição a uns 500W… nada feito!

Hora de recorrer aos amigos e ao Mercado Livre. Pesquisando lá, encontrei um vendedor de chapas de transformadores usadas. Ele tinha para vender um pacote de 60mm de chapas de 38mm, a preço bem convidativo. Com esses 60mm mais os 20mm que eu tinha, poderia usar um carretel de 75mm ou de 80mm, ambos comerciais, e então extrair a potência aproximada de 1,066x(7,5×3,8×0,95)2, ou seja, uns 780VA.

O leitor mais atento observará que o fator de redução da secção magnética utilizado foi de 5% (0,95 na equação), e não 10%, como o livro do Martignoni advoga. Funciona bem. Sempre achei 10% algo meio exagerado, principalmente com chapas novas. Mas um fator que funciona bem no livro do Martignoni é o de possibilidade de execução.

Um comentário sobre “Construa o Ultrarraiende – Parte II

  1. Fabio21 de janeiro de 2023 às 8:01 PMResponder

    Show de bola, aguardando mais….

Deixe um comentário