Neles, os professores Álvaro Neiva e Paulo Brites nos dão dicas valiosas sobre o projeto e a construção de transformadores, inclusive com aproveitamento de material de sucata. E isto, lembrando àqueles que são mais novos, era uma necessidade no século passado, no Brasil.
Lembrando do passado – os transformadores Willkason
Até a década de 1990, o material para a confecção de transformadores era monopolizado por companhias do Estado brasileiro. A Acesita dominava a produção de aços especiais, categoria em que se enquadravam as chapas para núcleo de ferro-silício de transformadores de baixa frequência. A industrialização do cobre era monopólio e, com isso, os custos de matéria-prima para a confecção de transformadores também era alto.
Então, para estudantes, amadores e técnicos, conseguir material “fora de prateleira”, como o transformador deste artigo, não era fácil. A improvisação e a criatividade imperavam…
Foi o caso deste articulista, que montou este mesmo amplificador para um projeto de eletrônica em seus tempos de estudante universitário, na década de 1980.
As dificuldades, para alguém de poucos recursos, eram os transistores, o CA3100, os capacitores de filtro e o transformador…
Os transistores, por sorte, foram comprados, a custo relativamente baixo, pois a RCA tinha subsidiária no Brasil, junto com 4 unidades do circuito integrado, em uma revenda autorizada de minha cidade. Eu os guardo até hoje e usei um deles neste projeto.
Os capacitores, esses não tinha jeito; Siemens, Log, Ambalit ou Lorenzetti, sendo que este último era mais difícil de achar. Comprei, a duras penas, oito unidades Siemens de 2500uF/100V.
O transformador foi a maior dificuldade. Havia empresas especializadas em fabricação de transformadores em Brasília, na época, mas o transformador sairia caro. Mesmo hoje, uma unidade destas não sai por menos que uns 400,00 Reais.
Mas era a década de 1980 e uma grande revolução aconteceu, alguns anos antes, na eletrônica, e chegava ao Brasil: a utilização generalizada de semicondutores, discretos e integrados, nos equipamentos eletrônicos em geral. Isso significou o abandono do uso de válvulas termiônicas e a gradual obsolescência dos equipamentos mais antigos.
Ainda “matutando” o que fazer em relação ao transformador, estava na mesma loja citada acima quando vi umas caixas no chão. Eram promoções de material obsoleto.
Show de bola, aguardando mais….